Abril é o futuro
Mais de 500 pessoas participaram, sábado, num espectáculo de homenagem a José Carlos Ary dos Santos, que teve lugar na «A Voz do Operário», em Lisboa.
Abril está vivo na memória e no coração do nosso povo
Esta iniciativa, integrada num vasto programa de comemorações do 40.º aniversário de Abril, promovido pela Associação Conquistas da Revolução (ACR), contou com a leitura integral do poema «As Portas que Abril Abriu» (escrito em 1975, onde Ary dos Santos conta a história da Revolução Portuguesa), por parte de Carmen Santos e Fernando Tavares, e com a actuação do Coro Lopes-Graça, Manuel Freire, Samuel e Luísa Basto.
«Estas comemorações tiveram início em Abril deste ano, com a homenagem ao Comandante Ramiro Correia, e prosseguirão durante todo o próximo ano, tendo como momentos mais destacados a realização do Congresso Conquistas da Revolução e a homenagem àquele que é a referência primeira e maior da nossa Associação – o General Vasco Gonçalves», disse, no início, Manuel Begonha, presidente da ACR, salientando que «comemorar Abril» não é «uma manifestação saudosista ou passadista», bem pelo contrário, «pensamos que Abril está vivo na memória e no coração do nosso povo e que, por isso, Abril é o futuro», que tem «as suas raízes essenciais no notável processo revolucionário iniciado com a conquista da liberdade, no próprio dia 25 de Abril de 1974, e com o histórico conjunto de conquistas sociais, económicas, políticas, culturais, civilizacionais, nas semanas e meses que se seguiram ao dia da liberdade».
Na sua intervenção, Manuel Begonha prometeu ainda não deixar esquecer que «a Revolução de Abril, tendo a aliança Povo/MFA como força motriz, constitui o momento mais avançado e progressista da nossa história colectiva» e que «as conquistas da revolução constituem guias essenciais para os caminhos do futuro – sempre, e particularmente neste tempo difícil, em que, ao fim de trinta e sete anos de devastadoras políticas de direita que conduziram Portugal à dramática situação em que se encontra, a luta se nos apresenta como o único caminho a seguir para derrotar essas políticas e retomar os caminhos de Abril».
Talento raro
Sobre aquele dia, de homenagem a José Carlos Ary dos Santos, o presidente da ACR sublinhou que foi «o Poeta da Revolução» e que ninguém como ele «cantou Abril e as suas conquistas», «acompanhou e gravou belíssimos poemas, os dias, as semanas, os meses do processo revolucionário», «escreveu os versos necessários em cada momento desse processo: incitando à luta e semeando confiança quando os inimigos de Abril mostravam as garras» e, «glorificando os avanços e conquistas quando a força do movimento operário e dos militares revolucionários se impunha às forças da reacção e dava mais um passo na construção da democracia de Abril».
«A política de direita, nos seus trinta e sete anos de acção devastadora, destruiu muito do que Abril construiu, fechou muitas das portas que Abril abriu. Mas estamos certos de que, com a luta organizada das massas trabalhadoras e populares, reabriremos essas portas que foram fechadas e construiremos um Abril novo», concluiu Manuel Begonha.