Merkel sem maioria?
Uma sondagem da televisão alemã ZDF, divulgada dia 2, indica que os três partidos da actual coligação governamental na Alemanha, juntos, não alcançam uma maioria caso as legislativas, marcadas para 22 de Setembro, se realizassem agora.
O partido da chanceler Angela Merkel, a União Democrata-Crista (CDU) juntamente com o aliado da Baviera, a União Social-Cristã (CSU), obtêm 40 por cento dos votos a que se soma o outro parceiro de coligação, o Partido Liberal (FDP), que se fica no limiar dos cinco por cento.
Por seu turno, os sociais-democratas do SDP recolhem 27 por cento das intenções de voto, Os Verdes, 14 por cento, e o Die Linke (A Esquerda), sete por cento.
Teoricamente, estes três partidos, situados à esquerda dos conservadores e liberais, poderiam obter a maioria para formar governo, afastando Merkel, alvo principal das suas críticas.
Todavia, a crer nas repetidas declarações dos sociais-democratas, não se espera que façam grandes esforços para procurar uma alternativa à esquerda que inclua do Die Linke.
Pelo contrário, é muito mais provável que venham a constituir de novo a «grande aliança», caso conservadores e liberais não obtenham os votos suficientes para governar sozinhos.
Abalado pelas revelações sobre a cumplicidade entre as secretas alemãs e a Agência de Segurança Nacional (NSA) norte-americana, o governo de Merkel viu-se obrigado a anunciar o fim de um acordo com os Estados Unidos e o Reino Unido, assinado na década de 1960, que autorizava Washington e Londres a realizarem operações de espionagem com vista à protecção dos seus militares estacionados no país.
Segundo reconheceu o ministro dos Negócios Estrangeiros, Guido Westerwelle, citado pela Associated Press, «o cancelamento dos acordos administrativos, que procurámos nas últimas semanas, é uma consequência apropriada e necessária do recente debate sobre a protecção da privacidade pessoal».
Como se depreende das palavras do governante, a decisão destina-se a acalmar os ânimos na opinião pública, indignada com a espionagem de massas.
No entanto, a medida é desprovida de qualquer efeito prático, já que o referido acordo não era usado desde 1990 e não tem qualquer relação com os actuais sistemas de vigilância global das telecomunicações e da internet.