Tempo quente nos transportes
Ferroviários, estivadores e trabalhadores do Metropo-litano de Lisboa não baixam os braços e entram em Agosto com firme determinação de permanecerem alerta e em luta.
O ataque aos direitos dos estivadores é um balão de ensaio
Os três sectores foram destacados, em conjunto, pela Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações, numa nota divulgada a 26 de Julho.
Nesse dia, os estivadores do porto de Lisboa completaram cinco semanas consecutivas de greve, com adesão total. A paralisação parcial iniciou-se a 25 de Junho, por quatro semanas, mas foi entregue pelo Sindicato dos Estivadores do Centro e Sul um novo pré-aviso, estendendo a sua duração até 19 de Agosto.
«As empresas de estiva e este Governo estão a pôr em causa a vida e a dignidade dos trabalhadores portuários, bem como o regular funcionamento do porto de Lisboa», acusou a Fectrans/CGTP-IN, que considera a insistência no ataque aos direitos laborais dos estivadores como «um balão de ensaio, a alargar a outros sectores de actividade».
A federação sintetiza em quatro pontos os motivos desta luta: pela reintegração dos trabalhadores despedidos; contra a precarização laboral; pela melhoria das condições de segurança no trabalho; e contra a destruição do porto de Lisboa. Para o prolongamento da greve, contribuíram «despedimentos, precarização da mão-de-obra, desvio de navios para outros portos, aumento das situações de falta de segurança no trabalho e incumprimento dos acordos assinados de boa-fé com o sindicato por parte das empresas empregadoras».
O Governo e as empresas de estiva tentam denegrir a imagem dos estivadores, alegando que a greve contribui para a destruição da economia nacional, mas a federação contrapõe que o maior responsável pela destruição do País e da economia é o próprio Governo. «Os estivadores param uma hora diária, para impedirem que trabalhadores eventuais e estranhos os substituam em funções especializadas», o que, frisa a Fectrans, significa «contrariar um modelo de precarização cada vez mais comum, neste e noutros sectores, que potencia os riscos de acidentes, bem como a destruição das relações laborais de todos – dos que têm direitos, dos trabalhadores precários, dos reformados».
A federação conclui que a luta dos estivadores «tem que merecer a solidariedade de todos os que são vítimas da mesma política e que, em cada dia que passa, vêem destruído o seu direito a um presente e futuro dignos».
Que dizem os candidatos?
Num plenário que teve lugar na manhã de 26 de Julho, os trabalhadores do Metropolitano de Lisboa decidiram pedir reuniões a todos os candidatos à presidência da Câmara, para lhes reiterarem a sua posição em defesa do Metro, como empresa pública de transportes, e para aferirem os compromissos de quem se apresenta às eleições autárquicas.
Foi igualmente decidido pedir uma reunião ao novo ministro da Economia e reiterar o pedido de reunião já dirigido à administração.
Da informação divulgada pela Fectrans, após o plenário, sobressai a decisão de, durante o mês de Agosto, continuar a denunciar, junto dos utentes, a depauperação do serviço público, ganhando-os para a necessidade de se juntarem à luta dos trabalhadores contra tal rumo.
Por unanimidade, foi aprovado que, se em Agosto ou Setembro ocorrer qualquer tipo de ataque aos direitos ou roubo nos salários, será entregue imediatamente um pré-aviso de greve de 24 horas.
Greve no feriado
A Fectrans informou que foi entregue um pré-aviso de greve na Refer, abrangendo o próximo dia 15 de Agosto. «Quando estamos perante uma administração que tem medo do diálogo e não cumpre os compromissos assumidos, não se pode esperar que os trabalhadores fiquem de braços cruzados», explica a federação, num comunicado que divulgou anteontem.
Segundo o acordo firmado com os sindicatos a 26 de Março, que levou então à suspensão das greves, a Refer deveria, até 5 de Abril, definir com os representantes dos trabalhadores uma agenda de assuntos para discussão, «mas negociação é algo de que a administração foge, como o diabo da cruz» e, «desde essa data, nenhum dos compromissos assumidos pela administração foi cumprido».
Nas faltas de resposta, destaca-se o pagamento do trabalho em dia de descanso e feriado.