«Fellows bilderberger»

Carlos Gonçalves

O Portugal News, jornal de língua inglesa mais lido no país, com conexões e interesses significativos das potências anglófonas, chamou a A. J. Seguro «fellow bilderberger», companheiro Bilderberg, de P. Portas.

Sabe-se deste Clube da «elite» financeira, ideológica e política europeia ocidental e norte-americana, que foi criado em 1954 por um núcleo de oligarcas próximos da CIA, com a preocupação de «combater o anti-americanismo». Desde então reúne anualmente «notáveis», que vão rodando em torno do «Comité de Governo», cujo «Chairman» é agora Henri de Castries, um conde francês, patrão da multinacional AXA, com experiência de governo com Chirac e de CEO nos USA e Reino Unido e em que participa, há muito, Pinto Balsemão, «deputado independente» no fascismo, primeiro-ministro do PSD, patrão dos media, banqueiro internacional, etc.

O Comité escolhe os convidados das suas conferências anuais, espécie de MBA em mistificação ideológica neoliberal e geoestratégia do imperialismo e dos seus objectivos de articulação e «Governo Mundial». É praticamente indispensável o «certificado Bilderberg» para ter lugar ao mais alto nível na ofensiva de esbulho da soberania dos estados, de espoliação dos povos, de saque dos direitos e ajuste de contas com os trabalhadores, de guerra, ocupação e recolonização imperialista.

Há anos que todos os primeiros-ministros das políticas de direita, do PS e PSD, recebem o «canudo» Bilderberg. Assim, não é novidade o convite a Seguro, nem tão pouco a ostentação da opção de classe de o ter aceite, como assumido «candidato a primeiro-ministro», num país sob ocupação da troika imperialista. Nem surpreende a confiança discreta que o Clube Bilderberg finalmente expressou em Portas, que há anos se bate por isso.

Mas registe-se os factos para memória futura: que Seguro e Portas passaram ao mesmo tempo pelo Bilderberg; que avança o namoro PS-CDS, com Portas a copiar o PS sobre o «Estado Social» e a ser elogiado por isso; e que Seguro, com o CDS em silêncio, aponta «a dimensão económica e política» duma UE mais federalista.

Até onde irão juntos os «fellows bilderberger»?



Mais artigos de: Opinião

«Terroristas»

O primeiro-ministro turco, Erdogan, tratou de «terroristas» os milhares e milhares de manifestantes que, em diversas cidades do seu país, vêm mantendo nas ruas um vigoroso combate contra as políticas do seu governo. Políticas antidemocráticas e reaccionárias no plano...

Logo agora...

Os portugueses descobriram a semana passada que Vítor Gaspar, quando confrontado com a crua realidade do País, dispõe de mais recursos do que as suas conhecidas folhas de Excel. Questionado no Parlamento sobre a queda da actividade económica, o ministro das Finanças reconheceu que...

O rei vai nu

As cerimónias do 10 de Junho, ocorridas esta semana em Elvas, mostraram duas coisas: o Presidente Cavaco Silva a explicar ao País como entende a função presidencial (o que é estranho, para quem já vai a meio do segundo mandato) e o primeiro-ministro Passos Coelho a ser...

Dar mais força à luta

Tivemos razão quando nos opusemos à adesão à CEE; quando afirmámos que o País não tinha interesse nem condições para aderir ao euro; tivemos razão quando ao longo dos anos demos combate à política de direita levada a cabo por diferentes protagonistas.

A Turquia mudará?

Ao momento da redacção deste artigo recebemos as notícias de uma nova onda de repressão da musculada polícia turca na Praça Taksim em Istambul. Foi este o sinal que Recep Erdogan, o primeiro-ministro do governo do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP – direita...