Logo agora...
Os portugueses descobriram a semana passada que Vítor Gaspar, quando confrontado com a crua realidade do País, dispõe de mais recursos do que as suas conhecidas folhas de Excel. Questionado no Parlamento sobre a queda da actividade económica, o ministro das Finanças reconheceu que «o comportamento do investimento é muito preocupante», mas explicou que tal não se deve – longe disso – às políticas do Governo. O que se passou, disse sem que a voz lhe tremesse ou a expressão se alterasse, foi que o investimento no primeiro trimestre deste ano foi «adversamente afectado pelas condições meteorológicas nos primeiros três meses do ano que prejudicaram a actividade da construção». Ou seja, traduzindo por miúdos, se a economia não está em franca expansão a culpa é da chuva e do vento.
Desde que a EDP responsabilizou uma cegonha pelo famoso apagão que deixou boa parte do País às escuras durante loooongo tempo, já lá vão 13 anos, que não se ouvia uma explicação tão convincente. Pena é que, ao contrário do que então sucedeu – consta dos autos que o corpo do delito ficou carbonizado – desta vez seja manifestamente impossível punir o culpado. Mas é gratificante saber que existe um responsável devidamente identificado: por uma (segunda) vez a culpa não morre solteira.
Tendo em vista o que se passa na Europa Central, onde há mais de uma semana chove torrencialmente, há tempestades de granizo e inundações – caso da Alemanha, Áustria, Eslováquia, República Checa e Suíça onde as condições meteorológicas já causaram a morte de dezenas pessoas e deixaram milhares desalojadas –, uma dúvida no entanto nos assalta. Que poder é este da chuva que cai em Portugal, apesar dos pesares sem paralelo possível com os temporais que assolam a Europa, para interferir de forma tão radical na economia do País? Só pode ser uma força de bloqueio, obra do demo convocada pelos comunistas e outros descontentes mal intencionados que preferem morrer de fome, sem trabalho, sem reforma, sem casa, sem educação, sem saúde a reconhecer essa evidência cristalina que é o sucesso da política governativa. Caso grave, a exigir um milagre. E logo agora, que a senhora de Fátima está em obras!