Hollande contestado à esquerda

Desilusão e protesto

Após as comemorações do 1.º de Maio, os franceses voltaram a sair às ruas, dia 5, onde exigiram a refundação da República e o fim das políticas de austeridade.

Pela VI República mais justa e popular

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Mais de 180 mil pessoas, segundo a Frente de Esquerda, que convocou o protesto com outros partidos e organizações, concentraram-se, no domingo, 5, na simbólica praça da Bastilha, de onde partiram numa marcha pela VI República, contra a finança e a austeridade.

Para além dos partidos que integram a Frente de Esquerda, designadamente o Partido Comunista Francês, aderiram à acção o Novo Partido Anticapitalista (NPA), membros da Europa Ecologia – Os Verdes, encabeçados pela antiga candidata presidencial Eva Joly, activistas associativos e de organizações não governamentais e sindicalistas e operários de diferentes empresas em luta (Air France, ArcelorMittal, Carrefour, Fralib, Prestalis, Sanofi, Sodimedical).

Face aos vários casos recentes de corrupção que envolveram o próprio ministro do Orçamento, o co-presidente da Frente de Esquerda e ex-candidato presidencial, Jean-Luc Mélenchon, exigiu uma mudança profunda nas instituições e a convocação de uma Assembleia Constituinte com vista à fundação da VI República.

Na véspera do primeiro aniversário da vitória presidencial de François Hollande, Mélenchon lançou duras críticas ao governo socialista frisando que «não queremos a finança no poder. Não aceitamos as políticas de austeridade».

E não hesitou em acusar o presidente francês de ser «uma das causas da crise, ao lado de Merkel e de outros líderes europeus, que fizeram a escolha pela austeridade». «Se vocês não sabem como agir, nós sabemos», declarou perante a numerosa assistência, defendendo que uma Assembleia «deve devolver o poder ao povo».

Da mesma tribuna, o secretário nacional do PCF, Pierre Laurent, lamentou «o ano perdido para a mudança» e apelou a reiniciar o combate pelas causas às quais «o governo renunciou demasiado depressa».

Após um ano de mandato, François Hollande tornou-se o mais impopular dos presidentes com mais de 70 por cento dos franceses a afirmarem-se insatisfeitos com o chefe de Estado.

 



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