AKEL admite sair do euro
O parlamento cipriota aprovou, dia 30 de Abril, por uma diferença de dois votos (29 contra 27), o memorando de entendimento com a troika, que pressupõe duras medidas de austeridade e um programa de privatizações em troca de um financiamento de 10 mil milhões de euros.
O memorando, que promete uma assistência financeira equivalente a 60 por cento do PIB da ilha, impõe como condições que o governo consiga reunir outros 13 mil milhões de euros através de cortes sociais, subida de impostos e venda de património público.
Também o imposto sobre as empresas terá de subir e, o mais grave, o governo deverá obter um excedente orçamental de três por cento em 2017.
Este verdadeiro saque à economia foi liminarmente rejeitado pelos comunistas do AKEL, a principal força de oposição, cujo Comité Central, reunido na véspera, considerou que a única opção do Chipre é encontrar «uma solução fora do acordo de empréstimo e do memorando».
Esta posição do AKEL não esconde que um tal caminho é «provavelmente equivalente a uma decisão do Chipre de sair da União Económica e Monetária».
«Esta é uma solução dolorosa. Os efeitos que se antecipam exigem o máximo apoio político do povo e implicam sacrifícios.
«No entanto, apesar de ser uma opção dolorosa, nestas circunstâncias, é igualmente uma alternativa séria, uma vez que o país se libertará de compromissos políticos, o que pode abrir a perspectiva e a possibilidade de desenvolvimento e crescimento no futuro, com base num novo modelo económico de desenvolvimento».
O AKEL considera ainda que uma tal decisão, a ser tomada, deve ser acompanhada de negociações entre a República do Chipre e a União Europeia com vista a uma saída ordenada e na base dos princípios do direito internacional.
Conscientes dos perigos e dificuldades de tal decisão, os comunistas cipriotas apelam ao governo e às forças sociais e políticas, bem como a toda a sociedade no sentido de abrir um diálogo político e social construtivo nesta direcção, propondo que o povo se pronuncie sobre ela em referendo.