Edgar Lucena *

Reforçar e avançar

A legitimidade política e democrática do presidente Hugo Chávez foi reiterada de forma indiscutível pelos trabalhadores, pelos jovens, pelas mulheres, pelos camponeses nas últimas presidenciais realizadas na Venezuela. Assim foi porque se mantém o compromisso de responder às grandes reivindicações populares, de inverter as políticas impostas durante 40 anos pelos governos sociais-democratas e de direita. Exploração, pobreza, miséria, dependência, afundaram a Venezuela e o seu povo. Isso gerou um clamor social imenso que desaguou no processo bolivariano, o qual teve e tem o apoio das forças de esquerda e revolucionárias, desde logo do Partido Comunista da Venezuela.

Permanecem grandes desafios, ninguém o esconde. A questão da habitação, da educação ou da saúde gratuitas para todo o povo são para aprofundar. Mas o que o povo sabe, sente e vê é que hoje o Estado usa os proveitos dos recursos naturais a favor da satisfação das necessidades populares. Fá-lo, para mais, de uma forma integrada. Um bairro que se constrói para alojar uma comunidade é logo dotado de escolas, centros de saúde, espaços comunitários, transportes, e, sempre que possível, unidades produtivas, que são ali instaladas ou que ficam próximas.

Tudo isto tem muito valor para o nosso Partido. Mantendo a sua independência orgânica e capacidade de crítica construtiva, o PCV considera que o caminho é reforçar e aprofundar o actual rumo de libertação nacional e anti-imperialista. Lutámos por uma nova Lei Orgânica do Trabalho impulsionando a nossa própria proposta. Mesmo que não tenha sido aprovada, entendemos que as alterações verificadas na legislação laboral são muito positivas e que sem a nossa luta, sem a nossa proposta, elas seriam diferentes.

Da mesma forma registamos com agrado a constituição e a extraordinária dinâmica dos conselhos comunais do poder popular, mas já desde o nosso 14.º Congresso que insistimos na importância da constituição dos conselhos socialistas de trabalhadores, pois julgamos que eles permitiriam ir mais longe na alteração das relações sociais de produção. Colocariam os trabalhadores no centro da planificação da produção e na direcção política da economia do país. Os conselhos socialistas dos trabalhadores serão, nesse sentido, a mais sólida garantia da consolidação do processo bolivariano e do avanço para a construção do socialismo.

O avanço eleitoral do nosso partido traduz precisamente o reconhecimento da nossa política autónoma e da justeza das nossas propostas, da nossa orientação de classe e do nosso esforço de implantação junto dos trabalhadores, entre os quais temos hoje maior influência, por exemplo nos sectores metalomecânico, petrolífero e de produção e distribuição de energia elétrica.

Resumindo, os comunistas estão assumidamente unidos ao Partido Socialista Unido da Venezuela na revolução bolivariana, às forças e sectores que a apoiam e levam por diante, mas não nos diluímos. Mantemos a luta de classes. Essa prossegue. Assim é a dialéctica.

* Membro do Comité Central do Partido Comunista da Venezuela



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