Libertar o País da dependência e da submissão
Jerónimo de Sousa esteve no sábado em Setúbal a participar num almoço inserido na campanha do PCP «Por uma política alternativa, patriótica e de esquerda».
A alternativa nascerá da luta de massas
Resgatar o País da dependência e da submissão; recuperar para o País o que é do País; devolver aos trabalhadores e ao povo os seus direitos, salários e rendimentos – é este o mote da campanha nacional de esclarecimento que o PCP tem em curso, na qual se inseriu o almoço do passado sábado na freguesia setubalense de Gâmbia.
Na sua intervenção, Jerónimo de Sousa insistiu na ideia de que é necessário pôr fim a este Governo e a esta política e empreender uma política patriótica e de esquerda. Mas tal só será possível, assegurou, com a intensificação da luta dos trabalhadores e do povo, a começar já por uma forte participação na jornada nacional do próximo sábado, 16, marcada pela CGTP-IN para vários pontos do País.
A política de direita, prosseguida há mais de 37 anos, levou Portugal a uma situação dramática – acentuada no último ano e meio com a aplicação do pacto de agressão subscrito por PS, PSD e CDS com a troika estrangeira dos credores –, marcada pela recessão, pelo empobrecimento e pelo cavalgante desemprego. A não ser travado, o despedimento colectivo na Faurécia, anunciado recentemente, virá agravar ainda mais a taxa de desemprego na região.
Ao mesmo tempo que tal sucede, salientou o dirigente do PCP, o grande capital engorda, somando lucros astronómicos – a que não são indiferentes os milhões de euros de dinheiros públicos neles injectados: 6,5 mil milhões só no BCP, BPI e Banif. Somando-lhes o BPN e os cinco a sete mil milhões aí enterrados, fica-se com uma ideia mais clara de que este é um Governo que serve a acumulação de lucros da banca e dos grandes grupos económicos. A chamada «refundação do Estado» e os tais quatro mil milhões de euros de cortes nas funções sociais não deixam dúvidas quanto à real dimensão dos objectivos do Governo e da troika, patentes no chamado «relatório do FMI».
Imperativo nacional
Como ficou uma vez mais claro no almoço de Setúbal, com esta campanha o PCP pretende contribuir para abrir caminho à construção de uma alternativa política, patriótica e de esquerda: uma política que rejeite o pacto de agressão e promova a imediata renegociação da dívida pública nos seus prazos, juros e montantes; que aposte na produção nacional; que altere radicalmente as políticas financeiras e fiscais; que coloque a administração e os serviços públicos ao serviço do povo e do País; que recupere para o Estado o comando democrático da economia (pondo fim às privatizações, nacionalizando a banca e retomando o controlo público de empresas e sectores estratégicos); que assegure a libertação do País das imposições supranacionais. Tal política é possível, garante o Partido, na medida em que cada um tome nas suas mãos a vontade de a concretizar e de lhe dar sentido.
A realização de uma política com estas características implica a formação de um governo, também ele patriótico e de esquerda, que a empreenda. Tal governo, como se pode ler no folheto da campanha, nascerá das «centenas de milhares de patriotas e democratas, de trabalhadores e outros portugueses, centenas de organizações sociais e de massas que sabem que é possível um outro caminho, que olham com esperança essa profunda aspiração de ver no País uma política patriótica e de esquerda». A concretização desta política e deste governo são, para o PCP, um «imperativo nacional» e a forma de o País «sobreviver como nação soberana», assegurando uma vida digna para o seu povo.