Repúdio e solidariedade
O governo grego forçou, dia 6, os marinheiros a regressarem ao trabalho para assegurar o transporte entre ilhas, após seis dias de greve pelo pagamento de salários em atraso e em defesa do contrato colectivo.
Greve de solidariedade paralisa região de Atenas
Ao início da manhã, diversos navios começaram a receber carga no porto do Pireu para seguir em direcção às numerosas ilhas dos diversos arquipélagos gregos e que, segundo o governo, estavam em risco de ruptura de abastecimentos, motivo evocado para justificar a requisição civil.
Esta medida extrema, cujo incumprimento implica penas de prisão até três meses, havia sido utilizada duas semanas antes contra os trabalhadores do Metro, interrompendo o nono dia de greve.
Fiel à mesma táctica, o governo chefiado pelo conservador Antonis Samaras voltou a recorrer à violência, dia 31, lançando as forças de choque contra os sindicalistas da PAME, em protesto junto ao Ministério do Trabalho, de que resultaram nove feridos e 35 detenções.
Os marinheiros iniciaram a paralisação, no dia 31 de Janeiro, em protesto contra as condições de trabalho e as reformas previstas para o sector, que podem implicar mais privatizações.
Exigem às companhias armadoras o pagamento dos salários em atraso, que em diversos casos ultrapassam os seis meses, e o cumprimento dos contratos colectivos.
Todavia, também neste caso, a sua legítima luta foi interrompida pelo autoritarismo do governo, que decretou a requisição civil e mobilizou os destacamentos de choque para forçar o carregamento dos navios.
O recurso à requisição civil e à força foi criticado pela generalidade dos sindicatos, que acusam o governo de práticas antidemocráticas e de tentativa de criminalizar os protestos laborais e o exercício do direito à greve.
Em resposta, as centrais sindicais convocaram uma greve no sector público e privado na região da Ática (grande Atenas), que afectou designadamente os transportes rodoviários e retardou o início das operações da frota mercante.
Autoritarismo condenado
Nesse dia, milhares de trabalhadores afluíram ao porto do Pireu para se solidarizarem com a luta dos marinheiros e repudiarem o recurso sistemático à repressão, à chantagem e outros métodos antidemocráticos com que o governo procura quebrar a sua resistência às política antipopulares.
Manifestando solidariedade à luta dos marinheiros, a secretária geral do Partido Comunista da Grécia deslocou-se ao porto do Pireu para se encontrar com os grevistas.
Aleka Papariga denunciou o projecto governamental que, segundo disse, provocará o despedimento de milhares de trabalhadores e porá em causa a ligação regular entre as ilhas, muitas das quais sentem já hoje graves problemas nas comunicações, tanto de Inverno como de Verão.
Na mesma semana, as forças de choque foram enviadas para a cidade de Tessália, no centro da Grécia, onde se concentraram milhares de pequenos agricultores com mais de dois mil tractores, numa acção de protesto convocada pela Frente Militante de Todos os Camponeses (PASY).
Os manifestantes conseguiram bloquear uma das principais artérias da cidade, mas os destacamentos policiais dispersaram violentamente o protesto.