Indignação e luta
Cerca de 15 mil curdos, vindo de vários países europeus, manifestaram-se, no sábado, 12, em Paris, exprimindo a sua indignação ante o cruel assassínio de três activistas ligadas ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
Diáspora curda acusa Turquia pelo crime hediondo
Debaixo de chuva, com imagens das três mártires e do líder Abdullah Ocalan, encarcerado desde 1999 na Turquia, os manifestantes desfilaram entre a Gare de Este e a Praça Coronel Fabien.
Alguns dísticos lembravam que «os mártires da revolução são eternos». No início da acção, uma oradora deixou claro que «este é um crime contra o povo curdo e contra a paz» e exigiu a prisão dos assassinos, a suspensão da cooperação policial entre a França e a Turquia e a retirada do PKK da lista das organizações terroristas.
A monstruosa execução teve lugar na Sede da Associação Centro de Informação do Curdistão, em Paris. Foi aí que as três vítimas foram encontradas mortas na madrugada de dia 10. Trata-se de Sakine Candiz, uma das fundadoras do PKK e próxima de Ocalan, que se encontrava de passagem pela capital francesa, acompanhada de Leyla Soylemez, uma jovem activista igualmente abatida. O terceiro alvo foi Fidan Dogan, de 32 años, presidente do centro associativo e representante em França do Congresso Nacional do Curdistão.
Fontes policiais citadas pela imprensa admitem que o crime possa ter sido perpetrado na véspera pelas três da tarde e que os seus autores usaram silenciadores nas armas.
Duas das três mulheres foram baleadas na nuca enquanto a terceira terá sido atingida de frente no peito e abdómen.
Num apelo distribuído durante a manifestação, a Federação das Associações Curdas de França (Feyka) salienta que «esta agressão teve lugar num momento em que estão em curso conversações para encontrar uma solução para o problema curdo». O documento afirma ainda que «O Estado francês tem a sua parte de responsabilidade. Se os autores dos crimes não forem encontrados, a França será considerada inquestionavelmente como cúmplice».
Execução planeada
O ministro francês do Interior, Manuel Valls, ao visistar o local do crime, prometeu uma intervenção firme das forças de segurança. Valls confirmou que as três mulheres assassinadas «foram sem dúvida executadas». «É uma ocorrência grave, mas podem estar certos da determinação das autoridades francesas para esclarecer este acto inaceitável».
O presidente francês revelou que uma das três vítimas era sua conhecida «e de muitas outras figuras políticas, uma vez que vinha regularmente encontrar-se connosco». François Hollande declarou ainda que «a França tem de aclarar este incidente».
Composta por mais de 30 milhões de pessoas, a comunidade curda encontra-se repartida entre os territórios da Turquia, Síria, Irão e Iraque e na diáspora europeia. Quase metade dos curdos vive na Turquia, calculando-se que cerca de 1,2 milhões residam em países europeus.