França faz guerra no Mali
O presidente francês oficializou, dia 11, a intervenção militar no território do Mali, a pretexto de travar o avanço para o Sul dos rebeldes islamitas.
Numa declaração no Eliseu, François Hollande disse ter respondido «ao pedido de ajuda do presidente do Mali, apoiado pelos países da África Ocidental. Hollande considerou ainda agir «no quadro da legalidade internacional», acrescentando que o Mali é um «Estado amigo» e que «a segurança da sua população» e dos residentes franceses, cerca de seis mil, justificam a operação.
Com uma importante presença militar na região, há muito que a França desempenha o papel de gendarme de África, apoiando-se nos «regimes amigos». Assim boa parte do material e efectivos militares foram deslocados de países vizinhos como o Burkina Faso e a Mauritânia, mas sobretudo do Chade, onde o exército gaulês conta com um importante contingente, instalado «provisoriamente» em 1986.
Esta força militar é conhecida das potências ocidentais, caso da Grã-Bretanha e da Alemanha, bem como dos Estados Unidos que apesar das declarações de apoio, se recusam para já a enviar tropas para o terreno.
O Reino Unido ofereceu ajuda à França para o transporte aéreo e apoio logístico às suas tropas. No entanto, o primeiro-ministro, David Cameron, explicitou, em comunicado, que não irá disponibilizar qualquer militar para o terreno de combate.
Por outro lado, apesar de Hollande ter evocado a «legalidade internacional», a verdade é que a intervenção francesa não se inscreve no quadro das resoluções da ONU. As decisões do Conselho de Segurança a este respeito abrem a via para um intervenção internacional sob responsabilidade africana, podendo fazer uso da força, mas nada dizem sobre o envolvimento directo de militares franceses.
De resto, a própria NATO apressou-se a qualificar a intervenção no Mali como uma «operação nacional» que foi «decidida pelo governo francês», sem existirem previamente «discussões entre os membros da Aliança Atlântica sobre esta crise», declarou na segunda-feira, 15, Oana Lungescu, porta-voz da organização.