TMA encerra temporada 2012
Duas encenações de Joaquim Benite para a Companhia Teatro de Almada encerram a temporada 2012 do Teatro Municipal de Almada (TMA), juntamente com o bailado «A bela adormecida», segundo Marius Petipa, pela Companhia Nacional de Bailado.
Entre amanhã, 17 de Novembro, e 2 de Dezembro, a Sala de Ensaios do TMA transforma-se numa garagem da periferia para receber «Tuning», do jovem dramaturgo almadense Rodrigo Francisco, o texto que o director do TMA, Joaquim Benite, encenou em Abril de 2010 e que foi nomeado pela Sociedade Portuguesa de Autores para o Prémio de Melhor Texto de Teatro Português estreado nesse ano. Em «Tuning» aborda-se o percurso de um jovem oriundo dos subúrbios que, ao ver frustrada uma carreira como futebolista, acaba por empregar-se numa oficina como aprendiz de mecânico. Entre a pulsão para a marginalidade e o desejo de restaurar um velho Mini de uma viúva solitária, Nélson (assim se chama o protagonista desta história) acabará por aprender, tragicamente, que os sonhos acalentados na infância não têm espaço para realizar-se na sociedade em que lhe coube viver. A revista Time Out considerou Tuning um «texto português realista, capaz de abordar de maneira dramática um aspecto da vida real – um texto assim é raro, e no entanto existe».
Benite regressa à encenação
Com estreia a 20 de Dezembro, e carreira na Sala Principal do TMA entre 9 de Janeiro e 3 de Fevereiro, «Timão de Atenas», de Shakespeare, é a próxima criação de Joaquim Benite para a Companhia de Teatro de Almada, numa co-produção com o Teatro Nacional D. Maria II (apresentações em Lisboa entre os dias 20 e 30 de Junho de 2013). «Timão de Atenas», com tradução de Yvette Centeno, será a estreia absoluta deste clássico em Portugal.
Centrando-se na metáfora do ouro para representar a alienação e a falsa bajulação no seio de uma sociedade subjugada à usura e ao materialismo, o texto de Shakespeare, escrito em 1603, continua a encontrar paralelismos evidentes com a nossa actualidade. Nas palavras de Yvette Centeno, «Timão chama a atenção para a realidade crua do servilismo sabujo e hipócrita, da ambição desmedida, da vaidade cega e, por fim, como corolário de todos os defeitos de carácter e de comportamento, da enorme ingratidão humana. Aqui está o Homem, o de ontem como o de hoje, posto a nu com uma crueza impiedosa».
A Luís Vicente, no papel de Timão de Atenas, junta-se um elenco composto, entre outros, por Paulo Matos, Teresa Gafeira, Ivo Alexandre, Marques D’Arede, Alberto Quaresma e André Gomes. O cenário é da autoria de Jean-Guy Lecat e os figurinos de Sónia Benite.