Proporcionalidade não é problema
Mais de cem pessoas participaram, domingo, num almoço com Jerónimo de Sousa em Aveiras de Cima, no concelho de Azambuja. No seu discurso, o Secretário-geral do PCP teceu fortes críticas ao Governo do PSD/CDS e da troika dos credores (FMI/UE/BCE) pela exploração e empobrecimento brutais e generalizados a que estão a condenar os trabalhadores e o povo e reafirmou o caminho alternativo que o Partido se propõe a trilhar.
Acusando o Governo de ter uma estratégia bem definida de apresentar, «às fatias» e «às doses» as medidas de «extorsão» aos trabalhadores e ao povo, Jerónimo de Sousa rejeitou que as medidas apresentadas na semana passada pelo ministro das Finanças Vítor Gaspar sejam «alternativa» às alterações na Taxa Social Única (TSU), pois estavam já prontas para serem aplicadas. A estas haverá ainda que acrescentar as que apenas serão conhecidas aquando da apresentação do Orçamento do Estado para 2013. Depois de lembrar que as alterações à TSU foram derrotadas pelo protesto e pela luta, o dirigente comunista apelou à sua intensificação para que sejam igualmente derrotadas as medidas entretanto anunciadas, e que constituem um «colossal aumento de impostos».
Mas houve outro assunto a merecer a atenção do dirigente comunista: a proposta do PS de redução do número de deputados. Para Jerónimo de Sousa, «num momento em que se anuncia saques aos rendimentos dos trabalhadores, roubo aos subsídios dos reformados, mais desemprego, mais recessão, o PS, para fingir diferenças, vem afinal juntar a sua voz aos objectivos da direita», pois esta proposta visa a distorção do princípio da proporcionalidade.
Ironizando sobre se a «varinha mágica do PS» é a redução do número de deputados, Jerónimo de Sousa realçou que não é este o problema, mas sim a «questão da representação política, da natureza de uma política que, unindo PS, PSD e CDS, tem vindo a arruinar a vida dos portugueses». Se António José Seguro pensa que a alternância se irá manter pela «engenharia eleitoral» engana-se, realçou o dirigente comunista, salientando que o PCP «está a crescer», podendo ter mais peso na Assembleia da República e alterar, assim, a correalação de forças institucional.