Golpistas sem apoio
A maioria dos paraguaios está contra o processo de destituição do presidente Fernando Lugo (69 por cento), não confia nos órgãs judicias nem acredita que estes façam justiça sobre o caso (80 por cento), e considera que o governo golpista liderado por Federico Franco vai agravar as suas condições de vida (87 por cento), afirmam os dados de uma sondagem divulgada no final da semana passada.
O primeiro inquérito após o afastamento do presidente democraticamente eleito foi realizado no contexto de forte contestação social e política no país. Organizações camponesas estão mobilizadas e realizam acções de protesto contra o uso de sementes transgénicas (autorizadas pelo executivo golpista imediatamente após ter sequestrado o poder) e em defesa da reforma agrária, de que serve de exemplo a manifestação ocorrida quarta-feira, 29, na capital, Assunção.
Dois dias depois, o sindicato dos trabalhadores do Ministério da Acção Social denunciou que 75 por cento dos trabalhadores daquele organismo estatal foram despedidos. Os despedimentos são a retaliação contra a luta em curso por melhorias salariais.
A acrescer aos despedimentos na função pública, no sector privado o patronato segue o exemplo do governo golpista. Na filial local da Prossegur, cerca de 325 trabalhadores foram despedidos num só dia, isto apesar da greve convocada ter sido suspensa em resposta à satisfação por parte da empresa de algumas das reivindicações laborais.
A contestação deve, ainda, alargar-se a outros sectores, já que no orçamento do Estado para o próximo ano, o governo de Franco pretende cortar nos fundos destinados à educação e contrair dívida externa para comprar armas a Israel e Espanha. Os golpistas justificam a proposta com uma alegada ameaça militar por parte dos países vizinhos.