Argentina e Brasil

Defender direitos

A maior greve de sempre no metropolitano de Buenos Aires prosseguiu segunda-feira, pelo nono dia consecutivo, depois de terem fracassado as negociações entre a administração da empresa e o mais representativo sindicato, o AGTSyP.

A União Transviários Automotor aceitou o aumento proposto pela concessionária Metrovias e, em nome da paz social, desconvocou a paralisação nas sete linhas de metropolitano da capital argentina, frequentadas diariamente por cerca de um milhão de pessoas, mas o AGTSyP insiste num acréscimo salarial de 28 por cento e manteve a greve.

A subsecretaria de Transportes de Buenos Aires ordenou a presença do maior sindicato do sector na conciliação obrigatória e aplicou uma multa de um milhão de dólares por falta de comparência, mas o AGTSyP garante que vai prosseguir o protesto até que as reivindicações dos trabalhadores sejam satisfeitas e apresentou queixa junto da Organização Internacional do Trabalho contra a imposição da coima.

A luta dos trabalhadores do metropolitano de Buenos Aires desencadeou, entretanto, um conflito entre os governos local e central, com o eleito da capital, o conservador Maurício Macri, a acusar o executivo liderado por Cristina Fernández Kirchener de «alimentar a intransigência dos trabalhadores» e de ter transferido a gestão da rede de metropolitano para o município sem a devida cobertura orçamental, mas a presidente argentina considera que «o governo da cidade tem a obrigação legal e os recursos financeiros – centrais e locais – necessários para fazer obras de requalificação e ampliação da rede, garantir a segurança e conforto dos utentes e solucionar os conflitos laborais».

Já no Brasil, as centrais sindicais CTB, CUT, Força Sindical, Nova Central e UGT emitiram, segunda-feira, um comunicado conjunto no qual manifestam o seu apoio à greve dos funcionários públicos, a qual envolve dezenas de categorias profissionais e centenas de milhares de trabalhadores.

Para as centrais, a reivindicação de melhores salários, direitos e reformas positivas na estruturação das carreiras são legítimas, ao contrário do autoritarismo e intransigência com que o governo tem enfrentado a contestação, chegando mesmo a substituir trabalhadores em greve, refere o texto.

Polícias, professores e funcionários das universidades federais (em greve há cerca de três meses), funcionários de ministérios e outros servidores públicos previam realizar ontem uma grande marcha na capital, Brasília, em defesa da reabertura das negociações com o executivo, dando sequência a uma série de manifestações e concentrações levadas a cabo nas últimas semanas.

Paralelamente, na fábrica de pneus Bridgestone no estado da Baía, prossegue a mais longa greve realizada no sector industrial brasileiro. Os trabalhadores paralisaram no dia 1 de Julho em defesa de melhores salários e condições de trabalho e estão dispostos a negociar, mas como a empresa interrompeu o pagamento dos salários e pediu a presença de polícias na fábrica o conflito tende a avolumar-se.



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