Desprezo pelas comunidades
O PCP critica o fecho do vice-consulado de Osnabruck (Alemanha) e está solidário com todos aqueles que contestam esta decisão do Governo lesiva das comunidades emigrantes e da economia nacional.
Esta posição foi expressa em debate parlamentar na semana transacta suscitado por uma petição com mais de 5200 assinaturas onde se afirma a oposição ao encerramento, destacando o importante papel desempenhado por aquele posto consular ao longo de 35 anos, ao serviço de mais de 23 mil emigrantes.
«Um violento e inadmissível atentado à democracia», assim é qualificada pelos peticionários esta medida do Governo, justificada e defendida no debate pelo objectivo de «servir melhor» (CDS-PP) e pela necessidade de «reduzir despesa» (PSD).
Visão distinta tem o PCP, que em Janeiro viu chumbado pela maioria governamental um projecto de resolução no qual recomendava a suspensão do processo de encerramento de serviços consulares em França e na Alemanha.
É que fechar as portas de serviços consulares, como sublinhou o deputado comunista João Ramos, é alargar a distância a percorrer pelos portugueses que deles necessitam.
Em sua opinião, não é verdade que as «permanências consulares» sejam uma solução melhor para as dificuldades, como quer fazer crer o secretário de Estado das Comunidades, José Cesário.
João Ramos considerou ainda que continua por explicar quais as variáveis que presidiram às opções do Governo nos serviços a encerrar. É que «o critério dos custos e do número de actos realizados não explicam as opções», garantiu.
Desmontada pelo parlamentar do PCP foi, por outro lado, a tese de que estará em curso uma «readequação da rede consular». «Se isto é verdade, então digam onde foram criados novos serviços consulares, uma vez que em 2011 terão saído do País cerca de 150 mil portugueses», desafiou, sem obter resposta.
Em suma, para o PCP, as comunidades emigrantes de França e da Alemanha têm todas as razões para estar descontentes com a acção do Governo, não só pelo fecho de serviços consulares mas também pela «destruição do ensino do Português no estrangeiro».