A censura está na rua
O PCP está nas ruas do País a explicar as justas razões da moção de censura ao Governo, que será votada na próxima segunda-feira. Hoje há comício na Baixa de Lisboa.
O direito a lutar ninguém o poderá roubar
Dirigentes e deputados do PCP têm-se desdobrado, ao longo da semana, em acções de contacto com os trabalhadores e o povo, explicando a justeza da apresentação de uma moção de censura ao Governo no momento em que se assinala um ano da sua entrada em funções. Jerónimo de Sousa intervirá hoje no desfile/comício que o PCP promove na Baixa de Lisboa, entre a Rua Garret e a Rua do Carmo, com início marcado para as 18 horas.
Anteontem, o Secretário-geral do Partido almoçou com trabalhadores e eleitos das autarquias do Seixal no refeitório dos serviços operacionais da Câmara Municipal. Na ocasião, o dirigente comunista afirmou estar consciente de que a moção «formalmente não passará. Mas se pensam que o mundo e a realidade começam e acabam no Parlamento enganam-se. Os trabalhadores têm um direito que ninguém lhes pode roubar, o de travar a luta pela defesa dos seus direitos».
Considerando «natural que os partidos que apoiam o Governo estivessem contra a moção de censura e a desvalorizassem», Jerónimo de Sousa confessou-se surpreendido com a posição do PS, que «acusou o toque» e «enfiou a carapuça», dizendo que a moção de censura «não era oportuna» pois o que interessa é a «estabilidade política». Para o Secretário-geral do PCP, a posição do PS – que nem conhecia ainda o conteúdo da moção – revela um problema de consciência desse partido, que «assinou o pacto de agressão».
Nas palavras do dirigente comunista, a moção de censura não é contra o PS, mas se este estiver contra a moção «é que se põe de fora deste sentimento» que, garante, une aos comunistas muitos trabalhadores socialistas. Realçando que o PCP prefere a estabilidade social à dita estabilidade política de que fala o PS, Jerónimo de Sousa frisou que a moção serve como uma censura contra a política e o Governo que a executa – que têm levado ao aumento do desemprego e ao agravamento das injustiças sociais, da pobreza e da recessão.
De Norte a Sul
Para ontem, em Braga, estavam previstas duas iniciativas inseridas na divulgação dos motivos da moção de censura. A inauguração de um monumento evocativo das consequências do primeiro ano de Governo, no centro da cidade, seguida de uma declaração à comunicação social e à noite um debate em Guimarães com João Frazão, da Comissão Política, Joaquim Daniel Rodrigues, coordenador da União de Sindicatos de Braga e membro do Comité Central do PCP, e o vereador da CDU na Câmara Municipal de Guimarães Torcato Ribeiro.
Na véspera, Jaime Toga, da Comissão Política, participara numa arruada em Matosinhos. Bernardino Soares esteve, segunda-feira, a contactar com utentes junto à estação do Rossio, em Lisboa.
Nas páginas 20 e 21 apresentamos com detalhe as razões do PCP para apresentar esta moção de censura.