Nas empresas avança a luta

Por melhores salários

Os trabalhadores da Portucel, em Setúbal, da Atlantis Vista Alegre, em Alcobaça, e da Dura Automotive, na Guarda, estão entre aqueles que decidiram entrar em greve.

A crise é real nas contas dos trabalhadores

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Só pela luta será possível alcançar melhorias salariais – é a premissa de que partem estes trabalhadores, que vêem os seus rendimentos diminuídos pela inflação, pelos impostos, pelos cortes nos apoios e comparticipações sociais na educação, na saúde, nos transportes.

O Grupo Portucel Soporcel apresentou lucros de 196 milhões de euros e as suas vendas aumentaram mais de sete por cento, mas a administração do complexo fabril de Setúbal decidiu denunciar o Acordo de Empresa, para uma maior exploração – denunciava a célula do PCP na Portucel, num comunicado a apelar à participação na greve geral de 22 de Março. Dividir os trabalhadores em várias empresas – Soporcel, Headbox, Arboser, Ema 21 e, mais recentemente, ATF (nova fábrica de papel) – é uma prática da administração, denunciada mais uma vez nesse documento, a que se opõe «a força demonstrada pelos trabalhadores nos recentes plenários sindicais do SITE Sul».

Essa força, visível nos mais de 500 subscritores de um abaixo-assinado recente, foi confirmada na série de greves decidida a 29 de Março. Pela manutenção do Acordo de Empresa e pela sua aplicação a todos os trabalhadores, pela actualização de salários e pela anulação do banco de horas, a greve iniciada às zero horas de domingo teve grande adesão e provocou a paragem da produção. Assim se manteve até às 24 horas. As fábricas de pasta e de papel também ficaram sem produção anteontem, na greve iniciada às oito horas e que se iria prolongar até às 24. Desta forma, todos os trabalhadores das cinco equipas de laboração tiveram possibilidade de fazer greve por oito horas, como explicou Américo Flor, dirigente do sindicato e da Fiequimetal/CGTP-IN. Na terça-feira – dia em que uma delegação do PCP, com a deputada Paula Santos, esteve com os trabalhadores em luta –, a produção só não parou também na ATF porque um engenheiro substituiu grevistas, na central de produção de vapor.

No dia 29, os trabalhadores decidiram ainda recusar trabalho suplementar em antecipação, de 4 a 11 de Abril; realizar uma concentração frente ao Hotel Altis, em Lisboa, no dia 10 de Abril, às dez horas, quando ali se reúne a Assembleia Geral de Accionistas da Portucel. Um novo plenário terá lugar no dia 12.

«A administração não pode ignorar a determinação de luta dos trabalhadores e fazer de conta que nada está a acontecer» – avisa-se, desde já, na nota divulgada no sítio Internet da federação.

Estiveram em greve, nos dias 27 e 28 de Março, os trabalhadores da Dura Automotive, na Guarda, exigindo um aumento salarial de 3,5 por cento, em 2012, com um mínimo de 45 euros por trabalhador. O SITE Centro-Norte salienta que a fábrica da multinacional alemã não pode argumentar com nenhuma «crise», mas a proposta patronal ficava-se por cinco euros mensais. A greve iria ser retomada ontem e hoje.

Os trabalhadores da Vista Alegre Atlantis, no Casal da Eira, Alcobaça, concluíram no dia 30 de Março, sexta-feira, três semanas de greves por quatro períodos de meia hora em cada dia, reclamando aumentos salariais de 4,5 por cento, com um mínimo de 30 euros por mês. O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Vidreira tentaria agora retomar a negociação com a administração da empresa do Grupo Visabeira, já que as perdas salariais são agravadas por ali se praticarem salários baixos, com muitas mulheres a receberem pouco mais de que o salário mínimo nacional, em contraste com o trabalho especializado e a produção de alta qualidade.



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