Vida desmente propaganda do Governo

Trabalhar e empobrecer

Da apli­cação do pro­grama de agressão não re­sulta um ba­lanço «ex­tre­ma­mente po­si­tivo», como afirmou no de­bate o mi­nistro Mi­guel Relvas, mas uma forte re­gressão em pra­ti­ca­mente todos os planos da vida dos por­tu­gueses e do País.

O líder par­la­mentar do PCP de­mons­trou-o, tra­zendo a lume, desde logo, os dados da exe­cução or­ça­mental, os quais re­velam uma di­mi­nuição da re­ceita fiscal (apesar da carga fiscal au­mentar), pre­nun­ci­ando o agra­va­mento da re­cessão, en­quanto o corte da des­pesa nos sa­lá­rios, nas re­formas, no Ser­viço Na­ci­onal de Saúde, nas es­colas, nas bolsas de es­tudo não chega para co­brir o au­mento dos juros pagos à banca e ao sector fi­nan­ceiro.

«Este é que é o su­cesso da apli­cação do vosso pacto de agressão», acusou Ber­nar­dino So­ares, di­ri­gindo-se ao ti­tular da pasta dos As­suntos Par­la­men­tares.

Num des­men­tido claro ao ale­gado bom re­sul­tado da apli­cação do pro­grama as­si­nado entre as troikas, pela voz do líder par­la­mentar do PCP, ao de­bate veio ainda o re­lato dessa his­tória pun­gente pas­sada na fre­guesia da Baixa da Ba­nheira, Moita, já con­tada pelo Avante!, re­la­tiva a um con­curso lan­çado por aquela au­tar­quia às es­colas para es­co­lher o cartão de boas festas. Re­co­lhidos os pos­tais, cons­tatou-se que a frase mais es­crita pelas cri­anças tinha ins­crito um voto: que o ano de 2012 trou­xesse «co­mida para todos».

Por si re­cor­dada foi ainda a es­ta­tís­tica do INE re­ve­lando que, desde que há dados neste ca­pí­tulo, di­mi­nuiu o con­sumo de bens ali­men­tares das fa­mí­lias por­tu­guesas.

«Esta é que é a apli­cação do pacto de agressão que o Go­verno con­si­dera ex­tre­ma­mente po­si­tivo», re­sumiu Ber­nar­dino So­ares», fri­sando que este é o mesmo pacto que mantém 400 mil tra­ba­lha­dores com o sa­lário mí­nimo, a ga­nhar abaixo do li­miar de po­breza de­fi­nido es­ta­tis­ti­ca­mente, ou seja «tra­ba­lham e em­po­brecem ao mesmo tempo».

Este é ainda o «su­cesso», se­gundo Ber­nar­dino So­ares, que leva a que 100 mil tra­ba­lha­dores te­nham o seu sa­lário pe­nho­rado, ou que 150 mil fa­mí­lias não con­sigam pagar a pres­tação da sua casa.

Para o pre­si­dente da ban­cada do PCP, este é ainda o «su­cesso» da­quela uni­ver­si­dade que para ajudar os es­tu­dantes a po­derem comer «re­solveu di­mi­nuir 50 cên­timos no preço do prato da can­tina, só que para isso re­tirou a sopa, o pão, a so­bre­mesa e a be­bida, res­trin­gindo a re­feição ao prato prin­cipal».

«Os se­nhores não querem a mu­dança, querem é que fique tudo na mesma, sempre para o lado dos mesmos – a ri­queza; sempre para o lado dos mesmos – os sa­cri­fí­cios», acusou, con­victo de que a «mu­dança não está do lado do Go­verno e do pacto de agressão» mas sim do «do lado de quem o quer der­rotar, como o PCP».



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