Legislativas na Eslováquia

Direita derrotada

Na sequência do escândalo de corrupção que indignou a população eslovaca e destruiu a credibilidade dos partidos do centro-direita, os sociais-democratas do Smer, liderados por Robert Fico, não só venceram o sufrágio como obtiveram pela primeira vez a maioria absoluta.

Eslovacos penalizam partidos do centro-direita

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A vitória do Smer era previsível, depois das sucessivas manifestações populares iniciadas em finais de Janeiro, exigindo a responsabilização e dissolução dos partidos implicados pelo relatório «Gorila» (ver edição anterior do Avante!).

Para o Smer, que quase não foi tocado pelo escândalo, o poder não é propriamente novidade. A sua última experiência de governação decorreu entre 2006 e 2010, já então liderado por Robert Fico. A novidade é que desta vez conta com 83 dos 150 assentos parlamentares, o que lhe confere uma confortável maioria para governar sozinho.

No sufrágio, realizado no sábado 10, que registou uma participação de 59 por cento dos inscritos, os sociais-democratas obtiveram assim 44,4 por cento dos votos (1,1 milhões de votos), concentrando praticamente todo o eleitorado de esquerda.

O Partido Comunista da Eslováquia (KSS) foi o segundo partido mais votado na área da esquerda, mas ficou abaixo de um por cento (0,7% contra 0,8% em 2010), sem eleger nenhum deputado. Recorde-se que em 2002, o KSS recolheu seis por cento dos votos e conquistou 11 lugares no parlamento. Mais tarde, em 2006, perdeu a sua representação parlamentar, caindo para 3,88 por cento dos votos.

A segunda força mais votada foi o KDH (cristãos-democratas), com 8,8 por cento e 16 deputados. Seguem-se o OĽANO (liberais), com 8,6 por cento e 16 deputados; o Most-Híd (centro-direita), com 6,9 por cento e 13 deputados; o SDKÚ (direita), com 6,1 por cento e 11 deputados e, por fim, os liberais do SaS, com 5,9 por cento dos votos e 11 deputados.

O partido mais penalizado foi sem dúvida a União Democrata Cristã Eslovaca (SDKÚ), cujo líder, Mikulás Dzurinda (primeiro-ministro entre 1998 e 2006), perdurava na coligação cessante como ministro das Finanças. Sendo um dos protagonistas do relatório «Gorila», perdeu quase um terço da votação do seu partido, que havia recolhido 15 por cento em 2010.

Outros grandes derrotados foram os ultranacionalistas do SNS, de Ján Slota, que ficaram de fora do parlamento, não alcançado o limiar dos cinco por cento. Note-se que em 2006, este partido de extrema-direita chegou aos 11 por cento, sendo um dos sustentáculos do governo minioritário de Robert Fico.



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