Milícia privada ataca trabalhadores
Os trabalhadores da Meister Benelux, uma subsidiária da Volkswagen instalada em Sprimont (Liège/Bélgica), foram agredidos, dia 26 de Fevereiro, por um grupo de capangas contratados pela empresa para furar o bloqueio das instalações, iniciado em protesto contra a deslocalização da fábrica.
Numa reunião do conselho de empresa, os sindicatos foram informados de que a direcção pretende deslocalizar uma parte significativa da produção para a República Checa em 2012. Os representantes dos trabalhadores exigiram negociações, mas a administração recusou qualquer diálogo, o que levou os trabalhadores a bloquearem a saída dos produtos acabados, como forma legítima de luta.
Foi então que entrou em cena uma milícia privada, composta por 35 seguranças vindos da Alemanha, que irromperam pelas instalações, armados com bastões, bombas de gás e coletes à prova de bala, expulsando os trabalhadores em luta e tentando fazer sair, pela força, a produção bloqueada.
Solidarizando-se com os seus companheiros, várias delegações de trabalhadores da região concentraram-se junto à empresa, determinados a impedir a saída da produção. Durante a noite, sob escolta policial, o grupo armado teve de abandonar a empresa, sem lograr os seus intentos. Nenhum camião abandonou as instalações.
Os trabalhadores condenaram a acção da polícia que não só nada fez para desarmar os indivíduos e impedir o acto terrorista, como até se recusou a aceitar a queixa dos trabalhadores agredidos, preferindo proteger os agressores transportando-os em viaturas policiais até à fronteira, sem sequer os identificar.
O escândalo foi tal que obrigou a administração da empresa a apresentar desculpas formais às autoridades municipais e aos titulares do Emprego, Economia e do Interior belgas: «Pelo presente, manifestamos-vos, bem como aos nossos colaboradores, o nosso profundo e sincero arrependimento e rogamos-vos que aceitem as nossas desculpas pelos acontecimentos ocorridos».
Este caso foi devidamente comunicado à Comissão Europeia, através de uma pergunta escrita entregue no dia 1 pelos deputados do PCP, Inês Zuber e João Ferreira, que acusam os patrões da empresa de utilizarem «a "livre circulação" dentro da UE para organizar uma acção de tipo paramilitar, violentando os trabalhadores».