Greves em marcha para dia 2
O Governo prepara novo ataque em Fevereiro
Na reunião, dia 4, participaram dirigentes de comissões de trabalhadores e de sindicatos da CGTP-IN, da UGT e sem filiação, tal como tem sucedido em momentos da luta mais recente contra os cortes salariais e outras graves medidas do Governo.
Foi aprovada uma resolução, divulgada pela Fectrans/CGTP-IN, onde são elencados os principais motivos de descontentamento e protesto. No documento, a imposição da redução salarial surge a par do aumento dos custos para os utentes e do corte de serviços e de carreiras, como parte de uma política que visa a «criação de todas as condições para a entrega da concessão dos serviços a empresas privadas, assumindo o Estado os custos das elevadas dívidas que as empresas públicas foram obrigadas a contrair devido às políticas ruinosas dos sucessivos governos e por má gestão».
Foi «perante a resistência de utentes e trabalhadores», que «o Governo mudou de estratégia e optou por fazer anúncios de medidas para o sector de forma isolada». Mas continua a preconizar, no «Plano Estratégico de Transportes», o fim dos acordos de empresa, a redução dos salários e dos postos de trabalho, a redução dos serviços às populações. No Orçamento do Estado, a ofensiva do Governo expressa-se no roubo dos subsídios de férias e de Natal e na redução do pagamento do trabalho suplementar.
Na proposta de lei que está em discussão pública, o aumento do horário de trabalho fica limitado ao sector privado, mas as organizações representativas estão cientes de que há «um objectivo, mais amplo, de aumento do horário de trabalho para todos sem excepção».
Na resolução, assinala-se que o ministro da Economia ainda não encetou o diálogo com as organizações de trabalhadores, ao contrário do compromisso que assumiu a 11 de Outubro (numa reunião que estava pedida desde Julho e que só se concretizou depois de activistas da Fectrans terem ocupado simbolicamente as instalações do Ministério). Sindicatos e CT deixam um sério aviso: o Governo «está a concentrar no início de Fevereiro o desenvolvimento de nova ofensiva contra as empresas públicas do sector e o serviço público que prestam».
Comprovado o valor da unidade e da luta dos trabalhadores, ficou decidido promover plenários e outras acções, durante este mês, em cada uma das empresas, para decidir a forma concreta que assumirá a greve de 2 de Fevereiro. As organizações acertaram, desde já, um conjunto de objectivos comuns, nomeadamente:
- a defesa do serviço público de qualidade, ao serviço do País e dos cidadãos;
- contra a redução de carreiras e serviços;
- contra as privatizações;
- pela negociação colectiva e pelo aumento do poder de compra;
- pela defesa e cumprimento dos acordos de empresa;
- contra os despedimentos e o aumento da precariedade;
- contra qualquer tentativa de imposição do aumento dos horários de trabalho;
- e contra a repressão nas empresas.
Já decidido!
No dia 5, os trabalhadores da Transtejo e da Soflusa decidiram, em plenários, realizar dia 2 de Fevereiro uma paralisação de três horas por turno. Na Soflusa foi também aprovada uma paralisação no dia 30 de Janeiro, também de três horas por turno.
Na Carris, a greve de 2 de Fevereiro abrangerá todo o dia, decidiram os sindicatos representativos do pessoal da transportadora.
Para hoje está prevista uma reunião dos sindicatos que representam os trabalhadores do Metropolitano de Lisboa, com o objectivo de tomar uma decisão sobre a paralisação.
Rodoviárias privadas
A Fectrans e os seus sindicatos decidiram realizar, durante o mês de Janeiro, uma campanha de informação e mobilização dos trabalhadores das empresas privadas de transporte rodoviário pesado de passageiros. A federação pretende assim estimular o desenvolvimento da luta por melhores salários e contra o aumento do horário de trabalho.
A campanha foi decidida dia 5, em Coimbra, num plenário de dirigentes sindicais deste sector. Durante as reuniões e contactos nas empresas, serão aprovados pareceres de repúdio da proposta de lei do trabalho e serão aprovadas reivindicações salariais, a apresentar em cada empresa e na associação patronal Antrop, «para fazer face ao brutal aumento do custo de vida», refere uma nota da federação.