Prossegue a destruição da EMEF

Defender as oficinas do Barreiro

As oficinas do Barreiro da EMEF, que o Governo quer encerrar, poderiam constituir um elemento central do desenvolvimento da rede ferroviária e da própria economia nacional.

Há muito que os governos querem encerrar o pólo do Barreiro

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Uma delegação do PCP visitou, segunda-feira, 9, as instalações da EMEF no Barreiro, onde teve a oportunidade de reunir com a administração da empresa e com as organizações representativas dos trabalhadores. Em discussão estiveram os aspectos relacionados com o futuro das oficinas da EMEF no Barreiro, em sequência das medidas contidas no Plano de Acções EMEF para o horizonte temporal de 2011 a 2015, que se inserem, garantem os comunistas, nas políticas de destruição do aparelho produtivo e de postos de trabalho através do encerramento de unidades e da privatização.
Na conferência de imprensa realizada no Centro de Trabalho do Partido no Barreiro ao final da manhã desse dia, depois de concluída a visita, o PCP lembrou que esse documento vai, na prática, «ao encontro das pretensões de destruição da EMEF e da manutenção ferroviária em Portugal» e está associado à liquidação do transporte público ferroviário no País. O PCP denunciou ainda que o documento foi aprovado sem que as comissões de trabalhadores tenham sido auscultadas, o que viola o quadro legal existente.
O Plano de Acções prevê, nomeadamente, o encerramento das oficinas do Barreiro e a deslocalização para o Poceirão até Setembro deste ano da actividade de manutenção das locomotivas e das automotoras a diesel que operam no Alentejo e, até Março de 2013, a reparação das locomotivas será concentrada no Entroncamento.
No documento anuncia-se ainda a redução do quadro de pessoal da empresa para 870 trabalhadores, o que significaria a saída de 600 trabalhadores em três anos. Nas oficinas do Barreiro o objectivo é reduzir 126 trabalhadores em 2012.


Alavanca desperdiçada



As justificações para o encerramento do pólo do Barreiro da EMEF, patentes no referido documento, prendem-se com a distância percorrida «em vazio» e os custos operacionais que isto acarreta e com as instalações «obsoletas». Desmontando os argumentos do Governo, o PCP considera que nunca houve interesse em potenciar as oficinas da EMEF e aproveitar as suas capacidades».
A EMEF, acrescentou-se na conferência de imprensa, é uma das «maiores metalomecânicas do País, quer quanto à capacidade instalada ao nível da mão-de-obra qualificada que existe, na vertente diesel e eléctrica, mas também ao nível de instalações, serviços e máquinas de ferramenta». Além disso, há muito que o PCP e as organizações representativas dos trabalhadores propõem a «electrificação da ligação da linha do Sado às oficinas da EMEF, correspondendo a um troço de 300 metros, para permitir uma maior eficácia e qualidade na reparação dos comboios da linha da Sado».
Incompreensível é, para o PCP, que a CP tenha em 2010 estabelecido um acordo com a espanhola Renfe de aluguer de material circulante a diesel, no valor de 30 milhões de euros por cinco anos. Para lá do que significa o facto de não se ter optado pela construção deste equipamento no País, o contrato estipula que a sua reparação seja feita em Espanha e não nas oficinas da EMEF. Neste caso já não se usa o argumento dos custos operacionais na deslocação para Espanha, denunciaram os comunistas.
Para o PCP, o desaproveitamento do know-how existente na empresa ao nível da manutenção, reparação e até construção constituiria «mais uma machadada no aparelho produtivo nacional, mas também um entrave à dinamização da economia». Os comunistas propõem, em alternativa, a «promoção, qualificação e modernização do Pólo Ferroviário no Barreiro, articulando a vertente ferroviária convencional e de alta-velocidade, associado ao desenvolvimento das oficinas da EMEF seja para a reparação e manutenção do material circulante, seja para a produção».



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