Austeridade começa nos mais pobres

A «solução» de Rajoy

O congelamento de salários, o aumento da jornada de trabalho e a subida dos impostos são as primeiras medidas aprovadas, dia 30, pelo novo governo espanhol, liderado pelo conservador Mariano Rajoy.

Salários congelados, mais impostos e horas de trabalho

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O anúncio das primeiras medidas que atingirão a maioria esmagadora dos espanhóis coube à vice-presidente do executivo, Soraya Sáenz de Santamaría. Segundo disse, além de manter o congelamento dos salários (medida que já tinha sido aplicada pelo anterior governo «socialista» de Zapatero), os funcionários públicos deverão trabalhar mais duas horas e meia por semana, passando das 35 horas para as 37,5 semanais.

Ao mesmo tempo, o governo espanhol decidiu não actualizar o salário mínimo, mantendo o seu valor em 641 euros mensais, o que acontece pela primeira vez desde a sua criação em 1966 e terá implicações em todo o sector privado, onde esta remuneração constitui a base das tabelas salariais.

Alegando ter herdado do anterior governo um défice de oito por cento, dois por cento acima do previsto, o executivo aprovou um primeiro corte na despesa de 8900 milhões de euros, que atingem os principais ministérios e em particular os sectores da Educação e da Saúde, cujos orçamentos são reduzidos em 485 milhões e 409 milhões de euros, respectivamente.

Do lado da receita surge uma tributação complementar dos rendimentos do trabalho e de capital, bem como a subida dos impostos sobre imóveis e a eliminação do subsídio ao gasóleo profissional.

O Estado prevê arrecadar 4111 milhões de euros suplementares com o aumento do IRPF (equivalente ao IRS) e apenas 1246 milhões com o aumento da tributação sobre o capital.

 

Dez anos a perder

poder de compra

 

Desde a entrada em circulação do euro, em Janeiro de 2001, o cabaz de compras em Espanha aumentou 48 por cento, enquanto os salários apenas progrediram em média 14 por cento.

Os cálculos foram efectuados pela Organização de Consumidores e Utentes do país vizinho (Público.es, 28.12), que chama particularmente a atenção para o disparo de vários produtos de primeira necessidade. É o caso do pão que subiu na última década 81 por cento, dos ovos, 114 por cento, do leite, 48 por cento, do arroz 45 por cento ou do azeite, 33 por cento.

Mas também o preço do metro quadrado de habitação na capital madrilena passou de 328 923 pesetas em 2001 (1973 euros) para 3507 euros, um aumento de 78 por cento. Os transportes registaram subidas de preços que variam entre os 45 por cento (comboios) e os 48 por cento (autocarros). Quanto aos combustíveis custam hoje mais 82 por cento dos que antes do euro.



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