Vista grossa à recessão e ao desemprego
O Governo e a troika ignoraram olimpicamente a recessão e o desemprego nas duas conferências de imprensa que realizaram na semana transacta, o que para o líder parlamentar só tem uma explicação: a sua única aposta vai no sentido de transferir riqueza para os poderosos.
Esta política afunda o País
A reacção de Bernardino Soares ocorreu dois dias depois de se saber que os dados da economia apontam para um aprofundamento da recessão do País, a que se juntou nesse mesmo dia (16) a informação de que o desemprego atinge mais de 700 mil pessoas, em termos estatísticos, mais de um milhão, de facto.
Ora, não obstante a extrema importância de ambas, a verdade é que nenhuma destas questões foi objecto de qualquer espécie de abordagem nas referidas conferências de imprensa.
E a elas não se referiram, nem o Governo nem a troika, segundo Bernardino Soares, «porque o programa que querem aplicar e estão a aplicar tem a ver com a transferência de riqueza para os grandes grupos económicos e para o sector financeiro e não tem nada a ver com a necessidade de promover o crescimento económico e de criar mais emprego e combater o desemprego».
Convicto de que assim é, o presidente da formação comunista não deixou de anotar, por isso, com ironia, que estas conferências de imprensa quase lhe faziam «lembrar aquela personagem – o Dr. Pangloss no conto sátiro «Cândido», de Voltaire – que dizia que “tudo vai pelo melhor no melhor dos mundos possíveis”».
«Com esta política, com este programa, com este pacto de agressão», porém, sublinhou o responsável pela bancada do PCP, «tudo vai pelo pior, com a pior das políticas possível». E porquê? «Porque, frisou, «é uma política que afunda a nossa economia, aprofunda o desemprego, rouba os trabalhadores e os reformados e, por isso, só contribuiu para o afundamento do País», trazendo «consequências muito graves para os portugueses».