A força de todos
Nas eleições para a Assembleia Regional da Madeira a CDU obteve mais de 5500 votos (3,76 por cento) e elegeu um deputado (menos um do que há quatro anos). Para o Secretário-geral do PCP, este foi «um resultado negativo» que está longe do «reconhecido prestígio político» da força política que tem uma «ímpar intervenção junto dos trabalhadores e das populações».
Uma inegável derrota do poder jardinista
Este resultado, disse, no domingo, Jerónimo de Sousa, numa declaração sobre os resultados eleitorais na Região Autónoma da Madeira, torna «mais difíceis as condições para enfrentar o programa de agressão que PSD, CDS e PS se preparam para lançar nos próximos dias» e, só pode ser explicado, pelo «sentimento de desânimo, designadamente de apoiantes da CDU, que, fustigados de forma mais particular pelo agravamento exponencial das injustiças, do desemprego e da pobreza, não acreditaram que com a sua decisão e o seu voto podiam contribuir para penalizar quem lhes agravou as condições de vida e reforçar aqueles com quem contam para construir uma vida melhor».
O resultado desta eleição, acrescentou, ficou ainda marcado pela dispersão de votos em candidaturas «inconsequentes» e até «provocatórias», que, embora sem projecto nem valor próprio, «beneficiaram de uma generosa mediatização destinada não só a favorece-las mas a impedir o crescimento da força mais consequente e capaz de se opor e dar combate ao programa de exploração que atinge os madeirenses».
Sobre a perda da maioria absoluta de votos pelo PSD, com a sua mais baixa votação de sempre, facto que não pode ser ocultado pela manutenção da maioria absoluta de mandatos, o Secretário-geral do PCP referiu que foi «uma inegável derrota do poder jardinista», inseparável «da luta de todos quantos como a CDU o enfrentam com coragem e determinação, e não apenas em palavras».
Dupla penalização
Em relação ao futuro, Jerónimo de Sousa alertou para a «dupla penalização» que PSD e CDS, com a cúmplice conivência do PS, se preparam para lançar sobre os trabalhadores da Madeira.
«Os elementos já implicitamente revelados no relatório apresentado pelo ministro das Finanças sobre a dívida da Região – aumento de impostos, reduções salariais com a eliminação do subsídio de insularidade, imposição de portagens nas vias rápidas, vaga de despedimentos na administração pública e regional, cortes no acesso à Saúde e introdução de taxas moderadoras, privatização das empresas de electricidade e de transportes urbanos do Funchal (com os inevitáveis despedimentos e a limitação e encarecimento do serviço público de transportes) – são testemunho dessas intenções», criticou, frisando que a CDU é «a mais sólida e coerente força com que os trabalhadores e o povo contam para resistir e derrotar este novo programa de agressão».
«É pela luta, pelo exercício de direitos e pelo combate a falsos fatalismos que os madeirenses podem dar combate a quem os quer continuar a explorar e empobrecer», sublinhou, informando que entre 20 e 27 de Outubro, convocada pela CGTP-IN, terá lugar uma semana de luta «pela dignidade de quem trabalha», em defesa do emprego, dos salários e dos direitos, contra o pacto de agressão.
A terminar, Jerónimo de Sousa dirigiu uma palavra de saudação aos militantes do PCP e do PEV (Partido Ecologista «Os Verdes»), aos democratas sem filiação partidária, aos candidatos e activistas da CDU que «intervieram com a sua acção de esclarecimento e mobilização nesta importante batalha política por uma Madeira melhor e mais justa».
Aos milhares de eleitores que confiaram na CDU, muitos dos quais pela primeira vez, o dirigente comunista assegurou que o «seu apoio e o seu voto será integralmente respeitado e colocado ao serviço da luta em defesa dos seus próprios direitos, das suas aspirações».
Edgar Silva
O grande derrotado foi o povo da Madeira
Edgar Silva, o candidato que no domingo foi reeleito deputado, afirmou, por seu lado, que o grande derrotado destas eleições foi o «povo da Madeira». «Perante as responsabilidades de Alberto João Jardim, que transportaram a Região para uma situação de sufoco económico e social, era de esperar uma penalização eleitoral muito mais dura, muito mais severa ao PSD», disse Edgar Silva, lamentando que «a direita e a extrema-direita tenham saído reforçadas destas eleições».
«A situação política que está criada depois destas eleições é desfavorável para o futuro da Região e, particularmente, adversa para o povo. Para resistir politicamente ao pacote de empobrecimento do povo e dos trabalhadores vai ser necessária uma CDU mais forte, mais interveniente», salientou o deputado.