Entrevista a Edgar Silva, candidato da CDU na Região Autónoma da Madeira

«Não pode ser o povo a pagar»

A menos de uma se­mana das elei­ções para a As­sem­bleia Le­gis­la­tiva Re­gi­onal da Ma­deira, o Avante! falou com Edgar Silva, pri­meiro can­di­dato da CDU, sobre a si­tu­ação eco­nó­mica, so­cial e po­lí­tica da Re­gião. O membro do Co­mité Cen­tral do Par­tido re­a­firmou que não pode ser o povo a pagar por um «bu­raco» para o qual nada con­tri­buiu.

A cam­panha está a de­correr a um ritmo in­tenso

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Em vés­peras das elei­ções, como está a de­correr a cam­panha da CDU e o que a di­fere das ou­tras can­di­da­turas?

Esta cam­panha elei­toral, à se­me­lhança de an­te­ri­ores cam­pa­nhas de­sen­vol­vidas pela CDU, está a de­correr a um ritmo in­tenso, com cada dia a ser apro­vei­tado ao má­ximo, co­me­çando sempre muito cedo e ter­mi­nando muito tarde. Pri­vi­le­gi­amos a acção de es­cla­re­ci­mento, de in­for­mação e de de­núncia do «jar­di­nismo» en­quanto mal que é ne­ces­sário com­bater e der­rotar, e apos­tamos no con­tacto di­recto com os tra­ba­lha­dores e as po­pu­la­ções, nos sí­tios, nos bairros, nas em­presas e lo­cais de tra­balho, onde já nin­guém nos es­tranha nem se es­panta com a nossa che­gada pois somos pre­sença as­sídua, não apenas nos pe­ríodos de cam­panha elei­toral, mas ao longo de todo o ano, seja Verão ou seja In­verno.

E talvez seja pre­ci­sa­mente esta par­ti­cu­la­ri­dade que nos dis­tingue dos ou­tros: a CDU não é apenas «vi­sita» em tempo de elei­ções; a CDU é com­posta por ho­mens e mu­lheres que o povo co­nhece, é uma força que está lá, ao lado de quem pre­cisa, sempre.

As res­tantes can­di­da­turas se­guem uma linha de tra­balho que cer­ta­mente será aquela que terão achado que se adequa aos seus in­tentos, isso são ques­tões que lhes dizem res­peito, mas não po­demos deixar de apontar um certo vazio de pro­postas, uma pos­tura de débil opo­sição ao «jar­di­nismo», de um certo exi­bi­ci­o­nismo in­con­se­quente, as­sente num des­lum­bra­mento sem qual­quer va­li­dade para uma cam­panha que se quer séria, de efec­tivo es­cla­re­ci­mento das po­pu­la­ções para a sua mo­bi­li­zação face ao com­bate que deve levar à der­rota de Jardim, da sua pan­dilha e das suas po­lí­ticas que mais não fi­zeram do que con­duzir a Ma­deira à ban­car­rota.

 

Como co­mentas a pres­tação dos par­tidos po­lí­ticos du­rante esta cam­panha, no­me­a­da­mente do PSD, em que o seu ca­beça de lista faz cam­panha com meios do Es­tado?

Não po­demos deixar passar em claro os meios a que se so­corre o PPD/​PSD e o seu líder e ca­beça de lista, Al­berto João Jardim, que, pri­vi­le­gi­ando uma evi­dente pro­mis­cui­dade de fun­ções (pre­si­dente do go­verno Re­gi­onal da Ma­deira e di­ri­gente e can­di­dato do PPD/​PSD) com óbvia ex­pressão nos actos pú­blicos, como é o caso das inau­gu­ra­ções ofi­ciais, e so­cor­rendo-se de um pre­cioso ins­tru­mento de pro­pa­ganda elei­toral como é o Jornal da Ma­deira, um órgão de co­mu­ni­cação so­cial de ex­pansão re­gi­onal e dis­tri­buição gra­tuita, fi­nan­ciado com di­nheiros pú­blicos, entre ou­tros «es­quemas», gera um clima que só pode ser con­si­de­rado como de pura «ba­tota elei­toral», e que a CDU tem de­nun­ciado in­sis­ten­te­mente, junto da po­pu­lação e das en­ti­dades com­pe­tentes.

 

Esta crise eco­nó­mica que atinge a Re­gião Au­tó­noma da Ma­deira é apenas con­jun­tural ou tem an­te­ce­dentes, no­me­a­da­mente com a apro­vação, em 2007, da Lei das Fi­nanças Lo­cais, apro­vada pelo PS? Quem são os ver­da­deiros res­pon­sá­veis por ela?

A co­lossal di­mensão do en­di­vi­da­mento di­recto e in­di­recto da Re­gião é uma das con­sequên­cias mais vi­sí­veis da po­lí­tica de de­sastre que o PSD impôs nos úl­timos 35 anos e que é in­se­pa­rável do aban­dono da pro­dução re­gi­onal, da sub­ju­gação aos in­te­resses dos se­nho­rios, da su­bor­di­nação aos grupos eco­nó­micos e do fa­vo­re­ci­mento dos se­nho­rios do «jar­di­nismo». Para a CDU, aqueles que es­ti­veram na origem da crise e que re­ce­beram mi­lhões de euros de ajudas e ga­ran­tias pú­blicas não podem deixar de ser res­pon­sa­bi­li­zados pela si­tu­ação e têm que ser con­vo­cados para «pagar a fac­tura».

 

Logo a se­guir ao dia 9, que pro­postas vai a CDU apre­sentar na As­sem­bleia Re­gi­onal, no­me­a­da­mente para ul­tra­passar o enorme «bu­raco» or­ça­mental es­con­dido nas contas pú­blicas?

Es­tamos ainda muito longe do co­nhe­ci­mento de toda a ver­dade sobre os va­lores da dí­vida re­gi­onal. Aquilo que tem vindo a pú­blico nos úl­timos dias é apenas o que acharam por bem di­vulgar. Muitos ou­tros dados foram ocul­tados por Al­berto João Jardim e o seu go­verno.

A CDU de­fende as se­guintes me­didas: tri­butar de forma ex­tra­or­di­nária as grandes for­tunas dos se­nho­rios da re­gião; tri­butar adi­ci­o­nal­mente o pa­tri­mónio imo­bi­liário de luxo; tri­butar de forma ex­tra­or­di­nária os di­vi­dendos e juros de ca­pital, cri­ando um novo es­calão para ren­di­mentos co­lec­tá­veis acima de 175 mil euros; criar uma taxa au­tó­noma es­pe­cial sobre trans­fe­rên­cias fi­nan­ceiras para pa­raísos fis­cais; de­ter­minar uma nova taxa apli­cável em sede de IRS às mais-va­lias mo­bi­liá­rias; criar uma so­bre­taxa ex­tra­or­di­nária em sede de IRC para ga­rantir uma maior con­tri­buição da parte das em­presas com grandes lu­cros; tri­butar de modo adi­ci­onal a aqui­sição e a de­tenção de au­to­mó­veis de luxo, iates e ae­ro­naves; criar um im­posto es­pe­cial sobre as ins­ti­tui­ções fi­nan­ceiras que operam no off-shore da Ma­deira.

 

Os mais de seis mil mi­lhões de euros são va­lores que sur­pre­en­deram a CDU?

Cer­ta­mente que es­ta­remos aquém dos reais va­lores da dí­vida pú­blica re­gi­onal. Basta atender, por exemplo, aos mi­lhões que ainda estão por pagar a mi­lhares de ex­pro­pri­ados, al­guns dos quais têm pro­cessos que se ar­rastam há largos anos sem qual­quer so­lução à vista ou sem que o go­verno re­gi­onal cumpra com as suas obri­ga­ções en­quanto en­ti­dade ex­pro­pri­ante.

 

Como clas­si­ficas o adi­a­mento, para de­pois das elei­ções, ao con­trário do que o pri­meiro-mi­nistro havia dito, do plano de ajus­ta­mento para a Ma­deira?

Nós re­jei­tamos qual­quer plano ou pa­cote de sa­cri­fí­cios adi­ci­o­nais des­ti­nados es­pe­ci­fi­ca­mente à Re­gião Au­tó­noma da Ma­deira e às suas po­pu­la­ções. O dito «plano de ajus­ta­mento» não pas­saria a acei­tável pelo sim­ples facto de ser re­ve­lado antes ou de­pois das elei­ções de 9 de Ou­tubro. É pre­ciso im­pedir um pa­cote de sa­cri­fí­cios para a Re­gião. Sa­lazar é que impôs à Ma­deira um con­junto de sa­cri­fí­cios des­ti­nados ex­clu­si­va­mente a esta Re­gião.

 

As me­di­adas de aus­te­ri­dade que vão ser im­postas ao povo ma­dei­rense de­pois das elei­ções vão re­cair sobre que es­tratos da po­pu­lação? E que me­didas se an­te­vêem?

Para a CDU, não po­derá ser o povo a pagar a fac­tura. Ja­mais! Não podem ser sempre os mesmos a pagar as su­ces­sivas crises e dí­vidas. É pre­ciso ir até quem muita for­tuna tem, junto dos se­nho­rios da Ma­deira, junto dos mi­li­o­ná­rios da Re­gião e aí en­con­trar meios fi­nan­ceiros ex­tra­or­di­ná­rios para o Or­ça­mento Re­gi­onal.

 

O que sig­ni­fica votar na CDU no pró­ximo dia 9 de Ou­tubro? O que po­derá ser um bom re­sul­tado elei­toral para esta força po­lí­tica e que con­sequên­cias trará para o povo ma­dei­rense?

Votar CDU é, acima de tudo, apostar em quem tra­balha, em quem tem provas dadas no tra­balho, quer a nível ins­ti­tu­ci­onal, quer junto das po­pu­la­ções e dos tra­ba­lha­dores, é votar em ho­mens e mu­lheres que honram a pa­lavra dada e res­peitam os com­pro­missos as­su­midos. O voto na CDU é o voto que re­al­mente conta. Para a CDU, o bom re­sul­tado será aquele que seja capaz de ga­rantir mais votos e mais eleitos. Só assim es­ta­remos a con­tri­buir para uma efec­tiva der­rota do «jar­di­nismo».



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