Portugal continua a afundar-se
O PCP reagiu, anteontem e ontem, à divulgação pelo INE da estimativa rápida do PIB no segundo semestre do ano e da taxa de desemprego. No que respeita aos primeiros dados (quebra de 0,7 por cento comparativamente com o primeiro semestre de 2010 e de 0,9 se comparado com o segundo semestre de 2010), o PCP considera que estes confirmam a queda da economia portuguesa. Para os comunistas, esta queda da evolução do PIB «resultou da acentuada diminuição da procura interna – queda no investimento, no consumo das famílias e nas importações – não compensada pela evolução das exportações».
Como afirmou à imprensa Jorge Pires, da Comissão Política, as medidas recessivas tomadas pelo Governo irão certamente acentuar a queda do PIB já registada no primeiro semestre e confirmar o presente ano como mais um ano de recessão económica.
Ontem foi a vez de Paulo Raimundo, igualmente da Comissão Política, salientar mais um aumento da taxa de desemprego, que se situa agora nos 12,1 por cento em sentido restrito e 17 por cento em sentido lato. Para o dirigente do PCP, «perto de um milhão de trabalhadores» estão actualmente sem emprego.
A taxa de desemprego nos jovens situa-se nos 27 por cento, denunciou, ao que se deverá acrescentar o facto de um terço da força de trabalho ocupada em Portugal ter vínculos precários.
Paulo Raimundo considera que mais este aumento da taxa de desemprego resulta das políticas prosseguidas ao longo das últimas décadas por sucessivos governos, que levaram à destruição do aparelho produtivo do País. «Sem produção não se cria riqueza nem postos de trabalho», destacou o dirigente do PCP, alertando para a gravidade das medidas anunciadas pelo actual Governo, que apenas trarão mais recessão e desemprego. Questionado sobre a interrupção do projecto da alta velocidade ferroviária, o membro da Comissão Política reafirmou a defesa do investimento público para promover o desenvolvimento do País.
Paulo Raimundo apelou ainda à resistência e à luta dos trabalhadores e do povo contra as medidas do Governo e por uma «alteração profunda» na política nacional.