«Esperam-nos grandes combates»
Na segunda-feira, num convívio em Monte Gordo e num jantar em Portimão, Jerónimo de Sousa garantiu que o PCP organizará a luta contra as medidas do Governo.
Só há um partido capaz de organizar a luta, o PCP
Se o Governo não vai de férias e intensifica a sua ofensiva contra os trabalhadores e o povo, a luta e a resistência também não podem parar. Por isso, na segunda-feira (feriado nacional), o Secretário-geral do PCP esteve com largas dezenas de militantes e simpatizantes do Partido em duas iniciativas no Algarve. Muitos eram da região, mas outros tantos estavam ali de férias: todos compareceram com entusiasmo nas acções do Partido.
Jerónimo de Sousa, falando em Monte Gordo, dirigindo-se a todos quantos estavam de férias, apelou a que aproveitassem bem os dias que lhes restassem: «esperam-nos grandes combates, grandes ofensivas, grandes dificuldades para a vida de quem trabalha, de quem vive da sua pensão ou reforma, para quem vive do seu pequeno negócio, porque já estão a ser duramente atingidos pela política deste Governo.»
Exemplificando com algumas das medidas já apresentadas pelo Governo PSD/CDS, Jerónimo de Sousa referiu-se ao aumento brutal dos transportes; ao corte no subsídio de Natal; ao congelamento dos salários e pensões, ao aumento dos impostos e do IVA na electricidade e no gás. E lembrou que no fim-de-semana, igualmente no Algarve, o primeiro-ministro afirmou que isto «ainda agora começou».
Após acusar este Governo de, tal como o anterior, não tocar nos interesses do poder económico e das grandes fortunas, o Secretário-geral do PCP rejeitou as alterações às leis laborais propostas pelo executivo liderado por Pedro Passos Coelho, nomeadamente a facilitação dos despedimentos, a desregulação dos horários e os ataques à contratação colectiva. «Que tem isto a ver com a crise ou com a competitividade?», questionou. O Governo é «cínico» ao falar de «competitividade» para atacar os direitos dos trabalhadores ao mesmo tempo que aumenta o IVA sobre a electricidade o que, para além de penalizar as famílias, retira competitividade às empresas, «prejudicadas pelo elevado preço dos factores de produção».
Com estas medidas, lembrou Jerónimo de Sousa, a situação do País vai piorar e o emprego vai continuar a aumentar.
Organizar a luta
Apesar da maioria absoluta de PSD e CDS e da violência das medidas que estão a impor aos trabalhadores e a muitas outras camadas da população, o Secretário-geral do PCP considera que o Governo «tem medo da luta organizada pelo movimento sindical, pelas comissões de utentes e pelas associações, e da luta política organizada pelo PCP». Terá sido por essa razão – por saber do descontentamento generalizado da população e prever a intensificação da luta – que Passos Coelho foi ao Algarve «dizer que era má a conflitualidade que está a acontecer noutros países e que em Portugal devíamos era fazer concertação social».
Aquilo que o primeiro-ministro propõe é que as vítimas daqueles que «estão a vergastar duramente os interesses, direitos e aspirações dos trabalhadores; os que são implacáveis com os interesses e aspirações das novas gerações, com os mais velhos, os mais pobres; os que são implacáveis nos cortes, nas medidas de austeridade», se resignem e assinem tais medidas na concertação social, afirmou o dirigente do PCP. E, ironizando, afirmou que «era a mesma coisa que uma pessoa estar a ser roubada e aplaudir e assinar a dizer que concorda com o ladrão».
Da parte do PCP, garantiu Jerónimo de Sousa, «não faremos isso, faremos a luta organizada, não para destruir mas para construir a alternativa». Como o povo português já demonstrou noutros momentos da história, «há sempre alternativa, possibilidade de mudança e de o povo impor a sua vontade», acrescentou o Secretário-geral do PCP. Que não descartou responsabilidades: «Só há um partido capaz de organizar e mobilizar a luta e esse partido é o Partido Comunista Português.»
Espectáculo triste
Jerónimo de Sousa guardou ainda umas palavras para o «espectáculo triste» protagonizado pelo ministro das Finanças quando anunciou o aumento do IVA na electricidade e no gás. Para o dirigente comunista, Vítor Gaspar fê-lo de «espinha vergada, numa posição de pau-mandado». Em sua opinião, não se trata já apenas de uma questão de soberania nacional, mas de «dignidade nacional», de ter um governo que «aceita estes estrangeiros como donos, protectores e governantes do nosso País».