Insolvência obscura na Subercor e Vinocor

Solidariedade de classe

O PCP está solidário com a luta dos trabalhadores da Subercor e Vinocor em defesa dos seus salários e postos de trabalho. Comunistas admitem que favorecimento ao grupo Amorim pode estar por detrás da insolvência «obscura» destas empresas.

Os trabalhadores travam a retirada de bens e equipamentos das fábricas

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O deputado comunista Jorge Machado esteve, no dia 2, em Mozelos, no concelho de Santa Maria da Feira, a contactar com os trabalhadores que se concentravam junto aos portões das duas fábricas corticeiras. Aí testemunhou a profunda revolta e indignação que grassa entre os operários face não apenas aos salários e subsídios em atraso mas também devido à indefinição que paira sobre o seu futuro face ao processo de insolvência que está em curso.

Os trabalhadores não compreendem nem aceitam que um dos maiores grupos do sector corticeiro esteja a definhar e a vender ao desbarato o seu património e recheio, sem o mínimo pagamento ou amortização dos salários que lhes são devidos. Aliás, quando se encontrava no local, a delegação comunista assistiu a mais uma tentativa – novamente travada – de retirada destas unidades fabris de mais material e equipamentos. E ouviu ainda relatos da existência entre os trabalhadores da Subercor e da Vinocor de situações desesperadas de quem há vários meses não recebe o seu vencimento.

O deputado do PCP, numa curta mas incisiva intervenção, salientou a importância da unidade dos trabalhadores nesta luta em defesa dos seus direitos e da manutenção dos postos de trabalho, manifestando, uma vez mais, toda a solidariedade e apoio do PCP. Jorge Machado referiu-se ainda aos sucessivos requerimentos e perguntas apresentados pelo grupo parlamentar comunista sobre a situação que se vive naquelas empresas – o último dos quais foi por si entregue na Assembleia da República poucos dias antes, a 27 de Julho.

 

Firmeza e unidade

 

Nesse requerimento, o deputado comunista lembrava que mais de 120 operárias de ambas as empresas «vivem hoje situações de privação severa de bens essenciais, por força do não pagamento dos seus salários e da gestão que se tem revelado profundamente prejudicial para as empresas e para os seus trabalhadores». Actualmente, os trabalhadores, oitenta por cento dos quais mulheres, têm os salários de Maio, Junho e Julho em atraso, bem como 75 por cento dos subsídio de férias e de Natal de 2010.

Jorge Machado denunciava ainda o processo de insolvência «obscuro» que está em curso e a alienação de equipamentos e matéria-prima, «não se conhecendo qualquer contrapartida financeira da eventual venda de bens». Lembrando a existência de mais de 8 mil desempregados inscritos nos centros de emprego do concelho e as práticas monopolistas levadas a cabo pelo Grupo Amorim, o deputado do PCP exigia do Governo a adopção de medidas para garantir a viabilização da empresa e a manutenção dos postos de trabalho.

Numa nota de 3 de Agosto, a Comissão Concelhia de Santa Maria da Feira do PCP considerava que «tudo aponta para o que se está passar na Vinocor e Subercor se enquadre numa estratégia bem delineada de afundar estas duas empresas em beneficio claro dos grandes grupos monopolistas do sector corticeiro, que assim aumentam o seu império, destruindo dezenas de pequenas e médias unidades industriais e, consequentemente, centenas e centenas de postos de trabalho». Com a cumplicidade dos sucessivos governos do País e perante o «total alheamento» do executivo municipal.

O PCP voltou a prestar solidariedade aos trabalhadores daquelas empresas através da presença de Miguel Viegas, da Direcção da Organização Regional de Aveiro e primeiro candidato da CDU pelo distrito nas últimas eleições legislativas, na concentração realizada na noite de dia 4. O dirigente comunista teve oportunidade de saudar os trabalhadores pela justeza da sua luta, apelando a que prossigam, unidos e firmes, a defender os seus direitos.



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