Um milhão de contactos

Margarida Botelho (Membro da Comissão Política)

Es­tamos exac­ta­mente a um mês das elei­ções le­gis­la­tivas de 5 de Junho. Vi­vemos um dos pe­ríodos mais com­plexos e pe­ri­gosos da his­tória de Por­tugal, em que a de­fesa da so­be­rania e da in­de­pen­dência do País, dos di­reitos e das con­di­ções de vida dos tra­ba­lha­dores e do povo, a ne­ces­si­dade do re­forço da luta de massas se con­jugam com a ba­talha elei­toral.


Voto a voto, vamos ga­nhar cons­ci­ên­cias para os com­bates que se avi­zi­nham

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O grande ca­pital – na­ci­onal e in­ter­na­ci­onal – e os par­tidos da po­lí­tica de di­reita re­correm a todos os meios ao seu al­cance para pro­curar con­vencer o maior nú­mero pos­sível de por­tu­gueses de que o roubo que pre­param é ine­vi­tável, útil e in­dis­pen­sável. A nós – co­mu­nistas, eco­lo­gistas, in­de­pen­dentes de­mo­cratas e pa­tri­otas – cabe-nos dizer a ver­dade. De­nun­ciar que o País não aguenta mais e que é pre­ciso res­pon­sa­bi­lizar PS, PSD e CDS por estes 35 anos a afundar o País. Lem­brar que a cada eleitor cabe a res­pon­sa­bi­li­dade de, no dia 5 de Junho, es­co­lher com o seu voto o ca­minho a se­guir. Afirmar que a CDU é a força capaz de cons­truir uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda.

Não es­pe­remos que os ór­gãos de co­mu­ni­cação so­cial am­pliem estas três ideias fun­da­men­tais. Na sua reu­nião de 3 de Abril, o Co­mité Cen­tral apelou também por isso a um pro­fundo en­vol­vi­mento da or­ga­ni­zação do Par­tido numa «forte cam­panha de massas, ac­tiva, cri­a­tiva e di­nâ­mica, ba­seada na afir­mação da CDU e de uma mo­bi­li­zação as­sente no con­tacto di­recto, na in­for­mação, no es­cla­re­ci­mento e na mo­bi­li­zação para uma rup­tura e uma mu­dança na vida po­lí­tica na­ci­onal», lan­çando «uma grande acção na­ci­onal de con­tacto di­recto com os tra­ba­lha­dores e o povo sob o lema “um mi­lhão de con­tactos por uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda”».

A cada dia que passa, este mi­lhão de con­tactos faz mais falta. Faz falta aos tra­ba­lha­dores, ao povo, à ju­ven­tude, às mu­lheres. Faz falta con­versar com quem faça ver de outro ponto de vista, que apele à in­te­li­gência, sus­cite a re­flexão, aguce a ca­pa­ci­dade crí­tica, es­ti­mule o ra­ci­o­cínio, dê con­fi­ança, que as­se­gure que não estão so­zi­nhos nos medos, na in­dig­nação, no pro­testo, na luta, no apoio à CDU.

Faz falta ao País que os ac­ti­vistas da CDU partam para este mi­lhão de con­tactos com a con­vicção e a con­fi­ança de que é pos­sível trans­formar o medo, o des­co­nhe­ci­mento, o de­sâ­nimo e o pre­con­ceito em es­cla­re­ci­mento, luta e voto.

 

Ta­refa para todos

 

Há de­certo ca­ma­radas e amigos que sentem re­ceio ou falta de pre­pa­ração para estes con­tactos. É ver­dade que nem todos temos ainda à-von­tade para pegar num mi­cro­fone num mini-co­mício, tocar à cam­painha num porta-a-porta, meter con­versa numa acção de rua ou as­se­gurar uma sessão de es­cla­re­ci­mento numa co­lec­ti­vi­dade.

Mas também é ver­dade que todos temos fa­mília, amigos, co­legas, vi­zi­nhos ou co­nhe­cidos e que todos os dias fa­lamos com eles. Há muito ou pouco tempo no Par­tido, mu­lheres ou ho­mens, jo­vens ou idosos, com muitos ou poucos es­tudos, todos es­tamos em con­di­ções de fazer pelo menos essas con­versas: co­nhecer as pes­soas, as suas vidas e opi­niões, saber em que me­dida a po­lí­tica de di­reita as atinge di­rec­ta­mente, é uma van­tagem nestes con­tactos pes­soais que todos os mi­li­tantes do Par­tido devem po­ten­ciar para o es­cla­re­ci­mento. Basta ima­ginar: se cada um de nós fizer vinte desses con­tactos, alargam-se mui­tís­simo as pos­si­bi­li­dades de in­ter­venção do Par­tido.

Estão em dis­tri­buição nas or­ga­ni­za­ções um con­junto de ele­mentos de apoio a esta im­por­tante ta­refa: um guião, di­versos abaixo-as­si­nados de apoio di­ri­gidos a sec­tores es­pe­cí­ficos (mu­lheres, di­ri­gentes de ór­gãos re­pre­sen­ta­tivos dos tra­ba­lha­dores, pro­fis­si­o­nais da saúde e da edu­cação, entre ou­tros), do­cu­mentos de pro­pa­ganda que são óp­timos pre­textos para con­versar, etc. A lei­tura do Avante!, a par­ti­ci­pação em reu­niões, ini­ci­a­tivas e ple­ná­rios, bem como a con­sulta aos sí­tios do Par­tido, da JCP e da CDU na In­ternet, são ins­tru­mentos in­dis­pen­sá­veis para co­nhecer as po­si­ções e pro­postas do Par­tido sobre os as­suntos que do­minam as pre­o­cu­pa­ções dos tra­ba­lha­dores e do povo e que ocupam as aten­ções me­diá­ticas. Co­nhecer as po­si­ções do Par­tido, no plano na­ci­onal e local, dá con­fi­ança para en­frentar as per­guntas e as opi­niões que nestes con­tactos ou­vi­remos.

Os ca­ma­radas di­ri­gentes de or­ga­ni­za­ções e mo­vi­mentos de massas e uni­tá­rios, bem como os eleitos em cargos pú­blicos, têm uma res­pon­sa­bi­li­dade par­ti­cular nesta cam­panha. No seu quo­ti­diano e pelas suas ta­refas, con­tactam com mi­lhares de pes­soas, pelo que têm ainda mai­ores pos­si­bi­li­dades de con­versar, es­cla­recer e mo­bi­lizar.

Voto a voto, vamos cons­truir um grande re­sul­tado para a CDU. Voto a voto, vamos ga­nhar cons­ci­ên­cias para os com­bates que se avi­zi­nham.

 



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