A «União Nacional (2)»
No quadro da crise profunda, estrutural e sistémica do capitalismo, que evidencia os seus limites históricos e a exigência e actualidade da sua superação revolucionária, vivemos em Portugal o aprofundamento desta crise económica e social a que PS, PSD, CDS e PR conduziram o País e de onde emergiu a actual crise política. É uma situação prenhe de dificuldades e perigos para os trabalhadores, o povo e a independência nacional, em que a intervenção externa da troika, do FMI, BCE e UE, surge como «braço armado» da política de roubo organizado dos banqueiros e do poder económico. Mas é também um momento de afirmação das potencialidades e da possibilidade real de uma mudança.
Para os grandes interesses, para cobertura institucional da política do FMI, falta um novo governo de serviço, a sair das eleições de 5 de Junho, cuja agenda, já escrita, é a exploração e a guerra de extermínio de direitos sociais, laborais e políticos e o desastre nacional, e que, por isso, enfrentará um crescendo de resistência e luta.
Daí decorre todo o ruído sobre um putativo «governo de salvação nacional», de «todos para vencer a crise» – mistificação absurda de meter lobos e cordeiros no mesmo redil, a ilusão simpática de «boas vontades», distraídos e resignados, o optimismo pateta do Cândido de Voltaire –, uma campanha ideológica mentirosa, massificada na mediatização esmagadora, para servir os grandes interesses.
É um novo «pensamento único», que envolve centenas de «figurões» da política de direita, desde os ditos socialistas aos próximos do fascismo, discutindo, quanto muito, a chefia e geometria variável desta nova «União Nacional», agora, como antes de Abril, para servir os interesses terroristas do capital financeiro. Não falta sequer o folclore dos que propõem «incluir o PCP», para tentar parasitar na credibilidade do Partido, e os que não hesitam na ameaça fascista, porque lhes dói a recusa da conversa fiada da troika da ingerência.
Um «governo de união nacional» – há já quem o diga desta maneira – só aprofundaria o desastre e o declínio do País. Do que Portugal precisa é de ruptura e mudança, de uma nova política e de um governo patriótico e de esquerda.