Processo eleitoral das presidenciais

Erros colossais do Governo

A falha clamorosa do sistema informático do Ministério da Administração Interna no dia das eleições presidenciais é apenas a ponta do icebergue das «graves e profundas» responsabilidades do Governo pelo descalabro que envolveu todo o processo.

 

Governo fugiu às responsabilidades

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Para o PCP, que trouxe na semana transacta o assunto para primeiro plano do debate parlamentar em declaração política proferida pelo deputado António Filipe, o assunto não pode ficar arrumado com a demissão já verificada de um director-geral. O que se exige é que os membros do Governo não se furtem às suas responsabilidade, como o País tem assistido, permanecendo em funções «apesar de já terem perdido a mais pequena réstia de credibilidade».

À tentativa do ministro da Administração Interna e da sua secretária de Estado para alijar responsabilidades e dar o assunto por encerrado, o PCP responde com a afirmação de que há neste processo uma «responsabilidade política que não pode ser ignorada».

«Não é uma falha administrativa, é um problema político da maior importância», insistiu em considerar António Filipe, atribuindo a origem do problema à «forma ligeira e imponderada» que presidiu à decisão do Executivo de cruzar os dados do recenseamento eleitoral com a base de dados de identificação civil e criminal e abolir o cartão de eleitor para os novos eleitores e para os eleitores que viram os seus números alterados em resultado da emissão do Cartão de Cidadão.

As consequências destas operações, essas, são bem conhecidas, como bem lembrou António Filipe, que revelou entretanto que os problemas não se ficam por aqui. Isto porque, explicou, o mapa oficial de resultados das presidenciais publicado em Diário da República contém «erros grosseiros» quanto ao número de eleitores inscritos, ao número de votantes e, consequentemente, ao número de votos em cada candidato.

A título de exemplo, só nos distritos de Setúbal, Braga e Viseu o desvio verificado é de 185 649 inscritos e de 96 477 eleitores.

«Isto não é suportável», exclamou António Filipe, para quem «erros desta magnitude» no apuramento geral de um acto eleitoral, e não corrigidos, «têm consequências políticas óbvias», resultando em prejuízo de todas as candidaturas, além de porem em causa a «credibilidade do apuramento dos resultados eleitorais».

Por isso o «apelo cívico» deixado pelo parlamentar do PCP no sentido de que todas as entidades com responsabilidades neste processo, designadamente as assembleias de apuramento, procedam à correcção dos erros cometidos e promovam a publicação de uma rectificação ao mapa dos resultados.

«Para que estas eleições não fiquem na História como aquelas em que os resultados oficiais não coincidem com os resultados reais», sustentou.

 

 



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