Dinâmica de vitória!
No quinto dia de campanha para as eleições presidenciais, Francisco Lopes esteve em Coimbra, Alcobaça e Marinha Grande, onde abordou os problemas da educação e do trabalho, afirmando, com confiança, que é possível construir uma vida melhor para todos.
Desenvolvimento da produção e valorização do trabalho
A manhã de quinta-feira foi reservada para o ensino, tendo o candidato – acompanhado por António Avelãs Nunes, mandatário distrital e Vice-Reitor da Academia coimbrã – sido recebido pelo Reitor da Universidade de Coimbra e pela direcção da Associação Académica, onde concedeu uma entrevista à Rádio estudantil.
Entre várias placas comemorativas, cá fora, destacava-se a homenagem «a todos aqueles que lutaram pela liberdade», numa referência à Crise Académica de Coimbra, em 1969, um grito de revolta dos estudantes amordaçados pelo poder fascista que contribuíram, ao lado do povo português, para um futuro mais justo, mais democrático e mais progressivo, alcançado com o 25 de Abril de 1974.
Lutas que continuaram, depois de 1975, contra um caminho contrário ao da Constituição da República. «Estudantes de “mãos atadas” contra cortes nas bolsas», «Bolsas provisórias, atrasos definitivos», «Seis mil jovens invadiram ruas de Lisboa para gritar por justiça social», lia-se lá dentro nos corredores do edifício, onde estavam afixadas várias notícias relacionadas com os universitários.
No final, Francisco Lopes alertou para o «definhamento», «estrangulamento» e subfinanciamento» do ensino superior. «Todas estas situações acarretam problemas, desde logo de aproveitamento de financiamentos que estão disponíveis e que, não havendo a comparticipação nacional, são perdidos», destacou, criticando, por outro lado, o «brutal» aumento dos custos no ensino, «com o peso que as propinas têm», e a falta de apoios na acção social, «designadamente nas bolsas de estudo», que se está a traduzir no «abandono da vida académica» e na «dificuldade de acesso e frequência dos que têm menos possibilidades». O candidato manifestou ainda a sua preocupação «com o modelo económico de afundamento do País e da abdicação da produção e da soberania nacional», que passa pela «precariedade, os baixos salários e a emigração, que atinge todos os jovens, particularmente aqueles que têm formação superior».
«25 de Abril, sempre»
A caravana de «exigência e de luta por uma nova política» foi, à tarde, a duas empresas do distrito de Leiria: a Atlantis, em Alcobaça, e a Crisvridro, na Marinha Grande. Uma ruidosa «buzina» marcava as 17 horas que, na Atlantis, termina um longo dia de trabalho. À porta, acompanhado por vários activistas, estava Francisco Lopes, que cumprimentou os trabalhadores, desejando-lhes «felicidades» e um bom regresso a casa. «Andar com a bolsa do almoço não é fácil», confessou-lhe um, dando conta que o salário não dá para mais. Uma outra desejou-lhe «muita coragem» e o último a sair terminou com um sonante «25 de Abril, sempre». A todos eles, o candidato alertou: «Não deixem que vos tirem os feriados», numa referência à proposta da administração daquela empresa para que os trabalhadores optassem entre o feriados de 18 de Janeiro – consagrado para todo o sector vidreiro – e o do Carnaval.
«Este é o exemplo de uma linha que procura sempre retirar direitos, quando o que é importante é que esses sejam mantidos, num quadro de afirmação, de desenvolvimento da nossa produção e da valorização do trabalho», acentuou Francisco Lopes.
Na Marinha Grande, na Crisvidro, única empresa do concelho que se dedica à produção de vidro soprado, com 47 trabalhadores, o candidato presidencial, depois de conhecer todo o processo de produção, ouviu as queixas de Alice Vieira, administradora da empresa, que o alertou para o aumento do preço da energia.
Interrogado pelos jornalistas, criticou a interacção entre os responsáveis políticos com as mais elevadas responsabilidades e o poder económico, à margem do que está consagrado na Constituição da República Portuguesa. «Num mês têm responsabilidades políticas, no outro são responsáveis de empresas com quem lidaram quando assumiram cargos políticos», denunciou.
Defender os interesses do povo
À noite, na capital do vidro, Francisco Lopes participou num animado comício, na Colectividade Sport Operário Marinhense, onde estiveram mais de três centenas de pessoas.
«A liberdade está a passar por aqui», cantaram os «Ex-cudo$», animando todos os que ali se encontravam. As bandeiras – de campanha, brancas e de Portugal – esvoaçavam ao sabor da alegria e foi com o tema «O Homem do Leme» que o candidato entrou na sala, com uma entusiástica e ruidosa salva de palmas. Um «mar» de gente que acredita que aquele é o caminho para a «ruptura e a mudança» de que Portugal precisa.
«Francisco Lopes, Uma Candidatura Patriótica e de Esquerda», lia-se no palco, que acolheu Agostinho Oliveira, professor, Ana Rita Carvalhais, professora e dirigente da União de Sindicatos de Leiria, António Ferraria, da Federação dos Agricultores do Distrito de Leiria, António José Correia, presidente da Câmara Municipal de Peniche, Alberto Cascalho, vereador da Câmara Municipal da Marinha Grande, Basílio Martins, advogado, mandatário da candidatura em Alcobaça, Guilherme Correia, artista plástico, Joana Barão, licenciada, José Fernando, cerâmico e dirigente da União de Sindicatos de Leiria, e Luís Guerra Marques, eleito na Assembleia Municipal da Marinha Grande.
Chamados para o palco foram ainda Raul Teixeira, operário químico da União de Sindicatos de Leiria, Rogério Raimundo, vereador na Câmara Municipal de Alcobaça, José Luís de Sousa, dirigente do PCP, João Armando, do Comité Central do PCP, Jorge Pires, da Comissão Política do PCP, Etelvina Ribeiro, operária e dirigente sindical do Sindicato dos Vidreiros, da União de Sindicatos de Leiria e mandatária distrital, e Francisco Lopes, candidato à Presidência da República.
Etelvina Ribeiro, a primeira a intervir, começou por saudar todos os presentes, nomeadamente as mulheres e os jovens que, «com a sua participação, vieram expressar o seu apoio à candidatura de Francisco Lopes, cada vez com mais e mais apoios». «É a única candidatura que defende a produção nacional, as pequenas e médias empresas, como ainda hoje ficou claro na visita de Francisco Lopes à empresa Crisvidro, a única de fabricação de vidro manual que resta no nosso concelho», lembrou, salientando, em jeito de crítica, que o Presidente da República «deve defender os interesses do povo», e que as candidaturas de Cavaco Silva, Manuel Alegre, Fernando Nobre e Defensor de Moura «estão comprometidas com as orientações neoliberais, seguidas pelo Governo, com o claro apoio do PSD».
Confiança no futuro
«Francisco, avança, com toda a confiança», gritaram repetidamente os apoiantes, dando voz ao candidato, que considerou aquela como uma «magnífica iniciativa», agradecendo a «sala a abarrotar», mais «um comprovativo da força desta candidatura», que «cresce e avança».
O candidato começou por referir a exposição que tinha visitado pouco antes sobre o 18 de Janeiro, quando se assinala o 77.º aniversário desse acontecimento maior da história do movimento operário, da luta dos trabalhadores, do povo da Marinha Grande. «Naquela sala está, de uma forma singela, todo um percurso de luta de gerações, que criaram condições, numa luta indomável, para as transformações revolucionárias de Abril, para os enormes avanços que se verificaram para que a vida melhorasse, para que Portugal pudesse avançar», disse, explicando que «a sua, nossa, candidatura faz a diferença nestas eleições».
«Ela é um imperativo, a única alternativa que os trabalhadores e o povo português têm para uma mudança, no sentido patriótico e de esquerda. Se não existisse, no quadro das candidaturas que estão colocadas, o povo português não tinha alternativa para eleger um Presidente da República que respondesse às suas aspirações, não tinha alternativa para dar um voto que traduza o seu sentimento, a sua exigência, a sua confiança no futuro», acrescentou.
Francisco Lopes, avançando com propostas, falou ainda da necessidade de reforçar a produção nacional, «de ter um sector público forte, de estar em sectores estratégicos da economia nacional geridos ao serviço do desenvolvimento, da actividade produtiva, do povo português, e não da acumulação do lucro de um grupo restrito de famílias e de accionistas».
Referiu, a título de exemplo, outra empresa que tinha visitado naquele dia, a Crisvidro, que exporta 95 por cento da sua produção, a laborar com cerca de 50 trabalhadores. «Quarenta por cento das suas despesas são em energia. Esta empresa teve um agravamento de 23 por cento no preço do gás. Ou seja, uma parte da riqueza que é produzida naquela empresa, 23 por cento, é transferida directamente dos resultados da empresa, em descapitalização, para a GALP», sublinhou, condenando, de igual forma, o facto de as grandes empresas terem um desconto de 25 por cento no preço do gás e as mais pequenas não terem tal benefício.
«Veja-se a diferença que fará, no dia em que o povo entender, eleger um Presidente da República que conheça, compreenda, viva, sinta os seus problemas, as suas angústias, as suas dificuldades, mas também as suas aspirações, aquilo que lhe pode dar alegria, entusiasmo. Eu estou aqui, nestas eleições, para ser a alternativa para um futuro diferente para Portugal e para o nosso povo», frisou.
Terminadas as intervenções, era tempo de ir embora. Saíram com a música e a certeza de que «Venceremos», interpretado por Luísa Basto. Muitos foram para as suas casas, com as suas famílias, outros foram ainda pendurar pendões, porque não há tempo a perder, todos afirmando a sua confiança numa vida e num futuro melhor para o nosso País.