Levar a Constituição à prática
«Cavaco Silva, Manuel Alegre, Defensor Moura e Fernando Nobre nada mais têm a oferecer ao povo e ao País do que a continuação do caminho de declínio, injustiça e liquidação da soberania nacional», disse Francisco Lopes aproveitando ainda para sublinhar que a sua candidatura «assume a Constituição como um texto vivo».
«Se a hipocrisia e o cinismo pagassem imposto, teríamos o défice pago pelos “candidatos do Orçamento”»
Recordando que muito tem sido dito e escrito sobre o financiamento do País, o candidato apoiado pelo PCP, pelos Verdes e pela Intervenção Democrática referiu que «a nossa opinião é clara: o principal financiamento é apostar na produção nacional, na criação de riqueza».
Mais ninguém coloca a questão nestes termos e, sem corarem, os responsáveis pela política que conduziu Portugal a esta situação usam as consequências conhecidas para proporem «novas fases da venda do País a retalho, comprometendo ainda mais o seu futuro», acusou Francisco Lopes.
«É o caso de Cavaco Silva, que como Presidente sempre colocou os interesses dos grupos financeiros à frente dos interesses do povo e do País; que liquidou grande parte da nossa produção, das nossas pescas, da nossa agricultura; que desbaratou vultuosos fundos, e que agora vem defender a entrega da parte que o Estado ainda detém na Galp, na PT e na EDP aos grupos financeiros».
«Aí está o brio nacional de quem faz parte desta equipa de vendedores do património nacional. Unidos na política de direita que já entregou meio País». Aí estão, outra vez, «prontos a entregar a metade que resta» em vez de, como se impõe, «defender e afirmar a produção nacional e retomar o controlo público sobre os sectores estratégicos», acrescentou.
Para Francisco Lopes, «a campanha eleitoral tem demonstrado de forma clara que Cavaco Silva, Manuel Alegre, Defensor Moura e Fernando Nobre nada mais têm a oferecer ao povo e ao País do que a continuação do caminho de declínio, injustiça e liquidação da soberania nacional», na medida em que, sustentou, «são responsáveis, cúmplices ou estão comprometidos com a política que levou Portugal ao desastre».
Sem excepção «promoveram, apoiaram ou avalizaram o Orçamento do Estado para 2011, merecendo justamente o título de “candidatos do Orçamento” da ruína, da exploração, do desemprego, da degradação e ataque aos serviços públicos, da pobreza».
Hipocrisia e cinismo
No decurso da campanha e perante «as consequências do Orçamento na vida dos trabalhadores e do povo», todos e cada um dos candidatos «procuram desresponsabilizar-se por aquilo que antes promoveram, apoiaram ou avalizaram». Como já alguém disse «se a hipocrisia e o cinismo pagassem imposto, teríamos do défice pago por estes “candidatos do Orçamento”», ironizou.
«A nossa candidatura foi a única que disse não a este Orçamento» dizendo, simultaneamente, «sim ao desenvolvimento, justiça e progresso sociais», prova de que «uma vez mais, a nossa candidatura é a candidatura da verdade e da coerência», referiu também o candidato.
A harmonia de pensamento e prática entre PS e PSD em torno do Orçamento revela-se até pela entrada em campanha de Sócrates e Passos Coelho «curiosamente no mesmo dia e à mesma hora». E mesmo «fingindo desavenças», não disfarçam a união «nos PEC, no roubo aos salários, na protecção dos banqueiros», considerou Francisco Lopes.
«Isto demonstra que Cavaco Silva não está só no que se refere às responsabilidades pela actual situação do País. Também Manuel Alegre esteve em todos os momentos decisivos, participando, apoiando ou sendo cúmplice» com esta política. Mesmo que agora se espante com a calamitosa situação em que Portugal e os portugueses se encontram, «é caso para dizer que o que é espantoso é o seu oportuno espanto perante as consequências da política de desastre nacional, pela qual bem sabe que é responsável», prosseguiu.
Um texto vivo
Marca distintiva da candidatura de Francisco Lopes à Presidência da República é, entre outros, o compromisso em fazer da «Constituição da República um texto vivo, cuja aplicação faz parte do projecto de mudança que Portugal precisa».
«Alguns, incomodados por esta candidatura ser a voz dos problemas e aspirações dos trabalhadores» e de outras camadas da população laboriosa, «tentam fazer crer que não entendemos quais são as funções e poderes do Presidente da República. É caso para perguntar se leram, se conhecem ou, afinal, se querem fazer esquecer o que a Constituição consagra», questionou Francisco Lopes.
«O que querem – respondeu – é fazer dela um texto morto, mas o papel do Presidente da República está claramente definido. Um presidente que, com verdade, jure cumprir e fazer cumprir a Constituição» só pode garantir «que a soberania, que é una e indivisível, reside no povo português; que assegure que Portugal se rege pelos princípios da independência nacional, dos direitos dos povos, da igualdade entre os estados, da solução pacífica dos conflitos internacionais; que pela sua acção garanta e faça garantir que todos os portugueses têm direito ao trabalho, a um salário digno, à segurança no emprego, à liberdade sindical, à greve, à segurança social, à saúde, à habitação, à educação, ao ensino e à cultura; que promova a justiça social e o combate às desigualdades na distribuição da riqueza, e assegure a plena utilização das forças produtivas do País».
«Então perguntamos nós: quem é que, afinal, depois de jurar cumprir e fazer cumprir a Constituição, lhe vira as costas, a esquece, quer vê-la esquecida e de facto a rasga?», voltou a perguntar o candidato.
Resposta ao narciso de Belém
Recentemente, Cavaco Silva indagou o que seria de Portugal se não fosse eleito Presidente. A pergunta atirada para o ar mereceu particular atenção de Francisco Lopes no Comício do Campo Pequeno, levando-o a garantir «Portugal seria bem melhor, mais desenvolvido e soberano».
Para derrotar o narciso de Belém, a candidatura patriótica e de esquerda apresenta-se como alternativa para o exercício do cargo, defendendo a mudança de que o País carece. «É para afirmar essa necessidade que entramos nesta recta final da campanha eleitoral» «com a confiança e a determinação» de que «é possível construir um grande resultado eleitoral».
Uma candidatura dirigida com especial ênfase aos que sentem vontade de desistir, dizendo-lhes que «vale a pena acreditar, que vale a pena confiar em quem tem palavra e está consigo nas suas lutas e inquietações, dizendo-lhes que a melhor resposta que têm para dar é juntarem-se a nós com o seu voto de condenação dos que no Governo ou na Presidência há muito desistiram de Portugal», completou o candidato.