Directivas da discriminação

A pretexto da regulação dos fluxos migratórios, a União Europeia pretende estabelecer normas especiais, aplicáveis aos trabalhadores imigrantes oriundos de países terceiros, diferentes das que vigoram para os trabalhadores originários de estados-membros, o que é inaceitável - considera a CGTP-IN, a propósito das propostas de directivas que iriam ontem começar a ser votadas no Parlamento Europeu.

A central apelou aos deputados portugueses, para que não votassem as três propostas em causa, as quais definem:

- um procedimento único para emissão de uma autorização única de residência para exercício de actividade laboral no território de um Estado-membro e um conjunto mínimo comum de direitos para os cidadãos provenientes de países terceiros que residam legalmente num Estado-membro (a proposta que iria ontem ser votada);

- as condições de entrada e permanência dos cidadãos provenientes de países terceiros para exercerem trabalho sazonal;

- e as condições de entrada e permanência dos cidadãos provenientes de países terceiros, no quadro de destacamentos dentro de um grupo de empresas.

Para a CGTP-IN, deve haver «um estatuto de plena igualdade de direitos, nomeadamente laborais e sociais, de todos os cidadãos que residem e trabalham legalmente no espaço da União Europeia, independentemente da sua nacionalidade ou país de origem e do título de permanência/residência de que sejam portadores». Ora, à luz deste princípio, «não faz qualquer sentido» regular o trabalho sazonal e o destacamento de forma diferenciada, consoante a origem dos trabalhadores.

Contrapõe a central que «só a igualdade de direitos de todos os trabalhadores, em todo o espaço da União, é susceptível de contribuir para pôr termo à exploração laboral a que são sujeitos os trabalhadores imigrantes, em especial aqueles que dispõem de títulos de permanência temporários e vínculos laborais precários; combater de modo eficaz a imigração clandestina e a actuação das redes de tráfico de mão-de-obra ilegal; evitar a degradação das condições de trabalho de todos os trabalhadores, imigrantes ou nacionais; e, em geral, eliminar quaisquer práticas de dumping social».

Na carta aos deputados, a Intersindical protesta ainda contra o facto de estas directivas serem enquadradas na norma do TFUE (Tratado sobre o Funcionamento da UE) relativa à imigração, e não na política social, o que permite evitar a consulta aos parceiros sociais.

No que toca às normas laborais e sociais, a CGTP defende que se devem aplicar as regras legais ou convencionais do país onde o trabalho é exercido, independentemente da nacionalidade ou país de origem do trabalhador.



Mais artigos de: Trabalhadores

Natal de luta nas ruas

Insistindo nos principais motivos que justificaram a greve geral de 24 de Novembro, as estruturas da CGTP-IN estão a promover esta semana uma série de acções de luta e protesto.

Frente Comum repudia «prendas»

Os trabalhadores da Administração Pública concentram-se esta tarde diante do Ministério das Finanças para, antecipando o Natal, «prendarem» o Governo.

Lutar na segurança

Os profissionais das forças e serviços de segurança vão continuar a realizar protestos públicos, até para tal haver razões, garantiram dirigentes e activistas na concentração que anteontem teve lugar em S. Bento.

Demagogia e propaganda

A apresentação que o Governo fez dos resultados do Programa PISA, na semana passada, sobre a evolução do sistema educativo e o sucesso escolar em Portugal, foi «demagógica e orientada para a propaganda», acusou a Fenprof.

Lutas nos transportes

Uma concentração de representantes e activistas sindicais promovida pela Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações estava agendada para ontem, no Rossio, em Lisboa, «em defesa do serviço público de transportes e contra as...

<i>Páginas Amarelas</i>

Os trabalhadores da Páginas Amarelas entregaram, segunda-feira, no Ministério do Trabalho, um cabaz de Natal com uma carta remetida à ministra Helena André, onde lhe lembram que o despedimento colectivo de 70 trabalhadores «é ilegal e abusivo», e que «o poder...

Praças não se conformam

Praças dos três ramos das Forças Armadas participaram anteontem, ao fim da tarde, numa concentração que teve lugar na Praça do Município, em Lisboa, sob o lema «Não à resignação, não ao conformismo». A iniciativa da...

Aumento surpreendente da esperança de vida...

« É surpreendente que o aumento, entre 2009 e 2010, da esperança de vida aos 65 anos seja de 1,5 por cento», já que este indicador estatístico registou valores muito diferentes de 2006 para 2007 (0,6 por cento), entre 2007 e 2008 (0,8 por cento) e entre 2008 e 2009 (0,3 por...

Não à externalização na CML

A externalização de serviços da Câmara Municipal de Lisboa através da concessão da rede de saneamento em baixa à EPAL; da criação de serviços municipalizados para a recolha de resíduos urbanos; da atribuição da gestão de...

A compensação salarial é necessária

Repudiando os cortes salariais anunciados pelo Governo para os funcionários públicos, os sindicatos da Função Pública e da Administração Local consideram de elementar justiça os mecanismos de compensação salarial adoptados pelo Governo Regional dos...

Síndrome nos Centros de Emprego

Um aluno do mestrado em Psicologia Social e das Organizações do ISCTE, solicitou a realização de um estudo para apurar o impacto do Sindrome de Burnot Profissional nos técnicos do Instituto do Emprego e Formação Profissional que atendem o público diariamente, mas...

Exploração sexual

«Estratégia de luta contra a exploração sexual de crianças e adolescentes» foi o tema de um seminário, nos dias 2 e 3, no Centro de Informação Urbana de Lisboa, promovido pela CGTP-IN com a Central Única de Trabalhadores, do Brasil, e o Conselho Nacional...