Pela paz, contra a NATO
O Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde (GUE/NGL) promoveu, dia 29, em Lisboa, uma conferência subordinada ao tema «Pela paz no mundo. Contra a NATO e a militarização da UE»
Como referiu a deputada do PCP, Ilda Figueiredo, esta iniciativa ocorre «num momento particularmente preocupante no plano europeu e mundial, com a multiplicação de conflitos armados e crescente militarização da própria União Europeia, a que acrescem as decisões do Conselho por pressão da Alemanha.»
Na sua intervenção, a deputada salientou: «Como a História o demonstra, o capitalismo e a guerra são indissociáveis. É impossível discutir a NATO sem ter uma perspectiva histórica e ideológica de como o militarismo e a guerra são parte integrante da exploração e opressão capitalistas. Visam prolongar e estender o domínio económico, político e geo-estratégico do capital e das principais potências capitalistas mundiais, reprimir a luta dos povos face às profundas e cada vez mais evidentes contradições insanáveis do capitalismo e conter processos de construção de alternativas de fundo ao capitalismo, tanto no passado como no presente. A História da NATO é bem exemplo disso.
«Ou seja, sendo, por si próprias, expressões do poder do capitalismo e afirmações de força, o militarismo, a guerra e os blocos político militares, como a NATO, são também expressões das suas fraquezas enquanto sistema, porque o recurso à repressão e à guerra demonstram que só conseguem os seus objectivos de forma violenta.»
«E se é certo que vivemos um tempo marcado por grandes perigos, por uma poderosa ofensiva imperialista, estamos também num tempo em que o sistema capitalista tem as suas contradições à vista, e, portanto, há grandes potencialidades de desenvolvimento da luta dos trabalhadores e dos povos.
«É neste quadro de crise do capitalismo que se desenvolvem as linhas da ofensiva: económica e anti-social; antidemocrática e ideológica; militarista.
«Mas é também preciso ter em conta que a profunda crise económica nos EUA e na União Europeia coexiste com profundas mudanças nas relações internacionais, com destaque para a China, Índia e Brasil, as potências emergentes.
«Por isso, sendo uma situação propícia ao desenvolvimento de contradições intra-imperialistas, há também um quadro que permite desenvolver alternativas. Ou seja, concertação e rivalidade interimperialistas coexistem com novas apostas no desenvolvimento e na paz, com destaque para as profundas mudanças na América Latina. (…)
«Quanto à Cimeira da NATO, os EUA pretendem arrancar novo compromisso aos "aliados” (UE) para uma tentativa de ainda maior escalada (novo conceito estratégico, instalação de mísseis na Europa, apoios para a guerra contra o Afeganistão e até o Irão).
«(…) Lamentavelmente, mais uma vez escolhem Portugal, Lisboa, que fica ligada ao que de pior a União Europeia decide. (…) Mas o povo português sempre demonstrou que não quer mais guerras, que os ideais da revolução de Abril de 1974 perduram na defesa da paz. E no dia 20 de Novembro terão a resposta com a manifestação contra a Nato e, logo a seguir, no dia 24, com a greve geral que a CGTP e outros sindicatos já convocaram. (…)»