Poder de compra em queda livre

Gregos contra carestia

Mi­lhares de tra­ba­lha­dores gregos saíram às ruas, dia 23, em pro­testo contra os novos au­mentos da elec­tri­ci­dade, com­bus­tí­veis e do IVA.

Em poucos meses o bem estar so­cial re­grediu uma dé­cada

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A jor­nada foi pro­mo­vida pela Frente Sin­dical de Tra­ba­lha­dores (PAME) em con­junto com o Mo­vi­mento An­ti­mo­no­po­lista dos Pe­quenos Co­mer­ci­antes (PA­SEVE), o Mo­vi­mento dos Pe­quenos Agri­cul­tores (PASY), a Fe­de­ração das Mu­lheres (OGE) e a Frente Mi­li­tante de Es­tu­dantes (MAS).

Em 58 ci­dades de­cor­reram ma­ni­fes­ta­ções contra as po­lí­ticas de aus­te­ri­dade que estão a levar o povo grego à mi­séria. Se­gundo um re­cente es­tudo do Ins­ti­tuto do Tra­balho da cen­tral sin­dical GSEE, a pro­cura in­terna re­grediu ao nível de há dez anos, ao mesmo tempo que as di­fe­renças entre ricos e po­bres se apro­fundam: os 20 por cento mais ricos dis­põem ac­tu­al­mente de um ren­di­mento seis vezes su­pe­rior aos 20 por cento mais po­bres.

O ins­ti­tuto es­tima uma queda do PIB de 3,8 por cento este ano, as­si­na­lando que o de­sem­prego dos jo­vens já atinge uma taxa de 30,8 por cento. As suas pre­vi­sões in­dicam um agra­va­mento drás­tico do de­sem­prego, que po­derá afectar 20 por cento da po­pu­lação ac­tiva em 2011, en­con­trando-se já hoje aos ní­veis de 1960. Os cortes de dez por cento no or­ça­mento de cada mi­nis­tério tra­du­ziram-se numa re­dução brutal das pres­ta­ções so­ciais, ao mesmo tempo que o poder aqui­si­tivo do sa­lário mí­nimo caiu para ní­veis de 1984.


Uma frente unida


Foi neste ce­nário de de­pressão eco­nó­mica que mi­lhares de ma­ni­fes­tantes des­fi­laram até ao Mi­nis­tério das Fi­nanças, em Atenas, onde ex­pres­saram a sua de­ter­mi­nação de lutar contra as po­lí­ticas res­tri­tivas.

No seu dis­curso, o re­pre­sen­tante da PAME, Ilias Sta­melos, sa­li­entou a im­por­tância da con­ver­gência das di­fe­rentes or­ga­ni­za­ções pro­mo­toras do pro­testo: «De­ci­dimos co­or­denar as nossas forças numa luta ba­seada em in­te­resses co­muns, de forma a con­tri­buir para o de­sen­vol­vi­mento de um forte mo­vi­mento que lute pela eli­mi­nação dos mo­no­pó­lios, obri­gando-os a pagar a crise. Não de­vemos fazer mais sa­cri­fí­cios em nome do in­te­resse deles. Pre­ci­samos de uma frente unida de tra­ba­lha­dores dos sec­tores pú­blico e pri­vado, dos auto-em­pre­gados, dos agri­cul­tores po­bres, das mu­lheres e jo­vens que lutam por uma vida digna e um fu­turo se­guro para os seus fi­lhos



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