ETA pronta a negociar
A ETA, organização armada independentista basca manifestou a sua disponibilidade para analisar os passos necessários com vista a uma solução democrática para o conflito basco, incluindo os compromissos a assumir da sua parte.
Num comunicado divulgado no domingo, 19, por vários jornais bascos, a ETA dá uma resposta directa aos subscritores da «declaração de Bruxelas», documento assinado, em Março, por duas dezenas de líderes internacionais, à cabeça dos quais surge Nelson Mandela, os quais apelaram a um cessar-fogo da ETA e à sua adesão ao novo compromisso da esquerda independentista basca, assente em meios «exclusivamente políticos e democráticos» e na «total ausência de violência».
A organização, que anunciou há duas semanas o cessar-fogo, salienta agora que não fugirá às suas responsabilidades, mas nota que «para superar o conflito é preciso, mais dos que passos parciais, uma proposta integral que vá às raízes e desate os seus nós».
No mesmo sentido, a «solução deve ser firme e construir-se inevitavelmente em torno de compromissos multilaterais e desenvolver-se através do diálogo e da negociação».
«Se houver vontade democrática, é possível solucionar o conflito hoje», declara a ETA, que faz questão de reconhecer os subscritores da «Declaração de Bruxelas» como «personalidades com muita experiência na resolução de conflitos», manifestando-lhes o seu «respeito e agradecimento». O comunicado considera ainda que o texto da declaração se «converteu numa referência inegável» para o País Basco.
A organização armada basca insiste no final do comunicado que é possível uma solução se houver vontade, sublinhando que nas últimas décadas «não são poucos os novos estados que surgiram no coração da Europa e que encontraram aceitação internacional», e cita ainda os casos da Gronelândia e da Escócia como «povos que estão a construir a sua soberania».