Homenagem a Dias Lourenço
Os deputados prestaram homenagem à memória de António Dias Lourenço aprovando por unanimidade um voto de pesar onde se afirma que o seu desaparecimento representa a perda de «um incansável resistente que dedicou toda a sua vida à luta dos trabalhadores, contra a opressão fascista, contra a exploração, pela liberdade e pela democracia, na defesa dos seus ideais». Na sequência da aprovação, faz amanhã oito dias, a câmara observou um minuto de silêncio.
Do extraordinário percurso de vida de António Dias Lourenço, falecido aos 95 anos no passado dia 7 de Agosto, recordado no texto é o seu importante papel na organização dos «Passeios no Tejo», determinantes para o aparecimento do movimento neo-realista, bem como a sua acção na vida clandestina onde assumiu a responsabilidade das tipografias e da distribuição da imprensa do PCP.
A sua participação nos organismos dinamizadores das grandes greves de Julho e Agosto de 1943 e de Maio de 1944, tal como mais tarde o seu empenho e luta nas grandes acções de massas que marcaram o 1.º de Maio de 1962 são igualmente relevadas no voto apresentado pela bancada comunista, no qual é salientada ainda a sua postura digna e corajosa nas cadeias fascistas (onde passou 17 anos) e a sua resistência heróica perante a tortura.
É de uma dessas prisões – o Forte de Peniche – que Dias Lourenço vem a escapar em Dezembro de 1954, lançando-se das muralhas ao mar, e assim protagonizando «uma das mais audaciosas fugas das prisões fascistas», como é sublinhado no texto.
Responsável pelo Avante! entre 1957 e 1962 e seu director desde a publicação do primeiro número legal em 1974, até 1991, Dias Lourenço, que integrou ainda o Secretariado e a Comissão Política do PCP, foi também deputado na Constituinte e à Assembleia da República entre 1975 e 1987, lembra o voto onde a AR manifesta o seu pesar e endereça à família e ao PCP sentidas condolências.