Donativos

Os cortes sociais que o Governo de Sócrates continua a multiplicar sob o pretexto do «PEC-2» estão já a fazer estragos nas próprias associações privadas de apoio aos doentes, designadas IPSS, isto pela curta razão de que o Estado deve quatro milhões de euros a estas instituições, pondo-as em sérias dificuldades. Algumas queixam-se já em público, nomeadamente a Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal, a Sol, a Abraço ou a Acreditar.

De notar que estes quatro milhões de euros em atraso estão previstos no Orçamento de Estado para as IPSS, enquanto estas continuam a desempenhar um papel fundamental no acompanhamento e apoio às mais diversas patologias e doentes, em geral colmatando deficiências de assistência por parte do Serviço Nacional de Saúde. A falta destes donativos do Orçamento do Estado pode significar cortes sérios e graves na assistência a doentes crónicos e altamente fragilizados.

Entretanto, notícias também recentes dão nota que, por exemplo, a aquisição de viaturas novas e de luxo para a administração pública continua a aumentar, com percentagens de cinco e 10% a mais nesta despesa, em relação ao ano passado... 

Estradas

Todos os 304 postos de SOS dos itinerários principais e complementares (vulgo IP e IC) estão fora de serviço, ensacados e apertados com fita adesiva. Nenhum automobilista poderá carregar nos botões para pedir socorro, pelo menos até 2011. A concessionária, a Estradas de Portugal, assume a «falha» e garante que o sistema «será totalmente renovado por tecnologias mais avançadas», mas não se digna a dizer quais ou quando. No meio disto, os utentes do IP3 e IP4 – duas vias montanhosas e perigosas, onde a rede de telemóveis é frequentemente deficitária – já manifestaram a sua indignação e preocupação. A Estradas de Portugal também aqui nada se digna a responder, enquanto o Governo de Sócrates parece também não se preocupar com o caso.

Provavelmente, deve achar que, assim como assim, os SOS avariados têm a vantagem de não dar qualquer despesa...

INEM

Continua a polémica à volta do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), com o Sindicato dos Enfermeiros a insistir que o Governo se prepara para desactivar parcialmente várias unidades do corpo de ambulâncias para poupar dinheiro (nomeadamente em horas extraordinárias aos enfermeiros das tripulações) e o Ministério da Saúde a negar tudo, enquanto um secretário de Estado-adjunto vai admitindo que  irá haver «recolocação de meios». Uma confusão, enfim.

 Entretanto soube-se que equipamento e software adquirido pelo INEM já há cinco anos (em 2005) por um milhão e meio de euros, para instalar o Sistema Integrado de Atendimento e Despacho de Emergência Médica  (SIADEM), não funcionou até 2008 por não ter sido instalado e mesmo agora funciona a meio-gás, o mesmo acontecendo a um conjunto de computadores topo de gama, a 2500 euros a unidade a preços de 2005, instalados nas viaturas.

Com todos estes desleixos e incompetências não se preocupou o Governo de Sócrates, apesar dos rios de dinheiro que entretanto se desperdiçaram, durante anos. Mas estão empenhados agora em parar ambulâncias para «poupar» nas horas extraordinárias dos enfermeiros...



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