Jerónimo de Sousa nas Jornadas Parlamentares

Povos resistem à ofensiva

(…) Na escalada da ofensiva que aí está, o que é novo é a sua intensidade e a forma mais estreita como se está a articular nos diversos espaços – nacional, europeu e global –, sob o comando dos grandes directórios e centros de poder imperial do capitalismo. Desse poder que decretou para si e visa a extinção do “Estado Social” que no passado foi forçado a reconhecer pelas circunstâncias, pela amplitude da luta dos trabalhadores e pela alteração da correlação de forças que então se verificou no plano mundial.

Em Portugal e na União Europeia a nova escalada da ofensiva concretiza-se a pretexto da crise e do combate aos défices, mas tem pela frente a força vigorosa da luta dos povos.

(…) O agregado das medidas de austeridade com implicações no plano social revela a completa farsa da distribuição equilibrada dos sacrifícios pelos portugueses. Mesmo que fosse verdade e não é, por que é que os responsáveis da crise teriam de pagar tanto como os que não tiveram nenhuma responsabilidade dela?

(…) Uma situação que se tornará mais dramática com os cortes no investimento público e na produção nacional e o programa de privatizações penalizando ainda mais o desenvolvimento do país e das regiões, agravando ainda mais o desemprego e as dificuldades da economia portuguesa e acentuando o caminho do declínio do país e da sua dependência.

(…) Uma outra dimensão das medidas de austeridade são as que atingem os serviços públicos e administração pública no seu conjunto e que irão traduzir-se inevitavelmente numa mais acentuada degradação e encarecimento dos serviços essenciais para as populações.

A saúde é disso um exemplo claro.

(…) A par do agravamento da ofensiva contra os direitos dos trabalhadores e das camadas mais desfavorecidas, novas ameaças aparecem, contra a Constituição e o regime democrático.

(…) O PSD nunca se conformou com a Constituição e sempre fez tudo para a subverter. Enquanto houver em Portugal uma Constituição que garanta direitos fundamentais dos cidadãos, que garanta os direitos dos trabalhadores, que garanta direitos sociais fundamentais como o direito ao trabalho, à saúde, à educação ou à segurança social, o PSD estará sempre contra essa Constituição.

(…) Todos sabemos que o PSD não conseguirá levar por diante os seus objectivos se não contar com a cumplicidade activa do PS.

Poderíamos ficar tranquilos se o PS desse garantias de estar empenhado em defender os valores fundamentais da nossa Constituição. Mas a experiência demonstra precisamente o contrário. Demonstra que não podemos ficar tranquilos. Porque, em sucessivas revisões constitucionais, sempre que o PSD lançou as suas ofensivas contra a Constituição, acabou por contar com a cumplicidade do PS.

(…) PS e PSD falam em nome do interesse nacional, mas o interesse nacional não se defende contra os interesses da maioria do povo, nem é compatível com uma política de capitulação perante os grandes interesses económicos e as grandes potências e os objectivos e orientações neoliberais e monetaristas do Banco Central Europeu, de Bruxelas, da senhora Merkel ou do FMI.

Com esta política e as medidas contidas no PEC é o país e o seu desenvolvimento que estão em perigo.

(…) Prevendo a resistência das massas populares ao seu PEC e às graves medidas de austeridade que comporta e vendo o descontentamento que aumenta, vendo a contestação a ir para a rua, vendo o PS que se afunda, os senhores do PSI20, os senhores do dinheiro e do poder sopram já as soluções que lhes permitam garantir no essencial a mesma política.

Prevendo a forte resistência dos trabalhadores e do povo, apelam à grande coligação dos partidos da política de direita – PS, PSD e CDS – que seja o suporte a um Governo de José Sócrates desgastado pela sua política de descalabro social e para levar tão longe quanto possível a ofensiva em curso.

Solução que algumas figuras do PS ampliam a pensar na manutenção do governo do PS a todo custo.

Mas tornou-se evidente que esses mesmos senhores e esses mesmos interesses sopram também já a solução de recurso – a mesma dos últimos trinta anos – a solução da alternância rotativista por intermédio do PSD e do seu novo líder, para impedir e inviabilizar uma verdadeira alternativa política e a concretização de uma política alternativa, patriótica e de esquerda.

(…) Enquanto continuar este rotativismo entre PS e o PSD com a bengala do CDS, a banca e os heróis do PSI20 continuarão a encher os bolsos e a amassar fortunas à custa do povo e do País. (…)



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