Dinamizar e organizar a luta
O reforço do Partido, o desenvolvimento da luta e a afirmação das propostas dos comunistas para o distrito foram as três questões em foco na 8.ª Assembleia da Organização Regional de Viana do Castelo do PCP, que se realizou no sábado.
A organização do Partido cresceu e reforçou-se junto dos trabalhadores
Na assembleia, em que participou Jerónimo de Sousa, coube a Filipe Vintém, do Comité Central e responsável pela organização regional, dar início aos trabalhos. Passando em revista a evolução da situação social na região, o dirigente comunista denunciou o aumento do desemprego no distrito, que ascende a 12 por cento, «o que significa um aumento de 40 por cento (ou quatro pontos percentuais) relativamente ao momento da realização da nossa última assembleia». Mas estes números, alertou Filipe Vintém, estão «longe do desemprego real» pois baseiam-se nos dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional, que «apenas tem em conta os inscritos nos centros de emprego».
Também a destruição do aparelho produtivo se acentuou. Entre 2009 e 2010, encerraram cerca de sete centenas de empresas no distrito. Entre elas destacam-se a Regency, empresa têxtil e maior empregador privado do concelho de Caminha que deixou cerca de 174 trabalhadores no desemprego; em São Romão de Neiva encerrou a Confecções, que mandou para o desemprego mais 140 trabalhadores; ou a Leoni, do sector eléctrico, que encerra este ano deixando no desemprego 600 trabalhadores depois de, em 2009, ter recorrido ao lay-off.
Associado a tudo isto está, como não podia deixar de ser, o aumento da pobreza. No distrito de Viana do Castelo, assinalaram os comunistas, «cerca de um quarto da população vive em situação de pobreza ou em vias de ser atingida por este drama». Não é por acaso que a região é uma das mais pobres da União Europeia.
Outra característica da situação social no distrito de Viana do Castelo é o encerramento dos serviços públicos, nomeadamente serviços de saúde, urgências e escolas. A instalação de portagens na A28, anunciada pelo Governo, irá penalizar ainda mais a população e as empresas da região, alertam os comunistas.
Resistência e luta
Os comunistas de Viana do Castelo valorizaram, ao longo da assembleia e nos documentos aprovados, a luta travada pelos trabalhadores e pela população do distrito em defesa de direitos e dos serviços públicos. Lutas travadas «sob o impulso» do Partido, valorizou Filipe Vintém.
Para além da participação dos trabalhadores da região nas grandes acções nacionais da CGTP-IN, estes travaram também «importantes acções de protesto contra estas políticas». São exemplos a greve de 24 horas na Portucel e a manifestação de várias dezenas de trabalhadores da Leoni em frente ao Governo Civil, bem como os «fortes protestos» contra o encerramento dos SAP em Valença e Arcos de Valdevez e as grandes acções contra às portagens nas SCUT.
Para o futuro, os comunistas prevêem que se travem lutas contra a privatização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, os maiores do País, ou contra a introdução de portagens na A28. A manifestação nacional de dia 29 de Maio, em Lisboa, é uma importante jornada de luta e os vianenses marcarão forte presença, garantiu-se na tribuna.
A este incremento da luta de massas no distrito não é alheio o PCP e o reforço da sua organização. Esta, desde a última assembleia, avançou, embora não sem dificuldades. As células dos Estaleiros Navais e da Portucel tiveram um funcionamento regular no último ano, tendo os comunistas assumido um papel crucial na dinamização da luta reivindicativa. Nos últimos anos entraram para o Partido no distrito cerca de 60 novos militantes, integrados nos 21 organismos actualmente em funcionamento. Foi este reforço que permitiu que, no exigente ciclo eleitoral do ano passado, a CDU crescesse em todas as eleições.
Como orientações para o futuro, destaca-se a responsabilização de quadros, cuidando do seu acompanhamento e formação; dar uma maior atenção ao reforço da organização e intervenção nas empresas e sectores; criar e dinamizar organizações de base; recrutar; difundir a imprensa do Partido e aumentar a sua capacidade financeira.
Superar injustiças
Superar as injustiças e as desigualdades em que o distrito de Viana do Castelo está mergulhado é, de uma forma genérica, o grande objectivo dos comunistas. Para o cumprir, há que apostar na defesa do aparelho produtivo, do emprego com direitos e do combate à precariedade. Mas também romper decisivamente com os critérios economistas que presidem à gestão dos serviços públicos. Estes, para além de favorecer os negócios privados, têm afastado milhares de pessoas do acesso à educação, à saúde e à Segurança Social, afirma-se no documento da assembleia.
A defesa e promoção do património ambiental e cultural, uma política de valorização dos transportes públicos na região são outras das orientações de trabalho indicadas na Resolução Política.