Pontos Cardeais


Ame­aças


O mi­nistro alemão das Fi­nanças apre­sentou esta se­mana na reu­nião do Ecofin novas exi­gên­cias para aprovar o fundo de 750 mi­lhões para «pro­teger o euro». Em re­sumo, a Ale­manha agora também quer que as ga­ran­tias pre­vistas nesse acordo de «pro­teger o euro» sejam também vo­tadas no seu par­la­mento.

Por­tanto, não basta à Ale­manha que tudo gire na União Eu­ro­peia à volta dos seus pró­prios in­te­resses (ca­pi­ta­listas, está bem de ver), que os «mais fracos» da União (também cha­mados «gas­ta­dores» e «per­du­lá­rios») sejam for­çados pelos ger­mâ­nicos a impor mais sa­cri­fí­cios às res­pec­tivas po­pu­la­ções para «tapar» os rombos e os bu­racos da es­pe­cu­lação ca­pi­ta­lista, com um dos grandes epi­cen­tros na pró­pria Ale­manha.

Agora, quer também que a vas­sa­lagem fique ex­plí­cita, su­jei­tando as «de­ci­sões da União Eu­ro­peia» à apro­vação do seu par­la­mento na­ci­onal...


Es­cla­re­ci­mentos


Os «es­cla­re­ci­mentos» en­vi­ados por José Só­crates à co­missão de inqué­rito par­la­mentar ao ne­gócio PT/​TVI in­sistem na tese de que este des­co­nhecia «for­mal­mente» o ne­gócio em curso e que a PT era uma «em­presa au­tó­noma» e in­de­pen­dente do Go­verno, acres­cen­tando que foi o «alarme so­cial» cau­sado pelas «sus­pei­ções» do PSD e do Pre­si­dente da Re­pú­blica, Ca­vaco Silva, que le­varam Só­crates a «travar» a compra da TVI pela PT ainda antes de ter «co­nhe­ci­mento formal» das ne­go­ci­a­ções.

Pondo de lado esta tra­pa­lhada dos co­nhe­ci­mentos «for­mais e in­for­mais» do pri­meiro-mi­nistro sobre este ne­gócio, fica de pé uma re­po­lhuda questão: se o pri­meiro-mi­nistro «travou» o ne­gócio, afinal onde é que pára a tal «in­de­pen­dência» da PT face ao Exe­cu­tivo de José Só­crates?


Gastos


O de­sem­prego já atinge mais de 700 mil pes­soas em Por­tugal, o Go­verno de José Só­crates, de co­ni­vência com o PSD, pre­para-se para aplicar mais gar­rotes aos tra­ba­lha­dores, re­for­mados, pen­si­o­nistas e de­sem­pre­gados sub­si­di­ados, as fa­lên­cias de micro, pe­quenas e mé­dias em­presas su­cedem-se a um ritmo de de­zenas por dia, o pa­tro­nato em geral apro­veita o pro­pa­lada «crise» para es­mi­frar até ao tu­tano todos os tra­ba­lha­dores que pre­ca­ri­a­mente vai con­tra­tando, o Go­verno faz o que pode para sa­tis­fazer as exi­gên­cias cres­centes do grande ca­pital en­quanto es­palha aos quatro ventos a «ine­vi­ta­bi­li­dade dos sa­cri­fí­cios» de quem tra­balha e se pre­para para pri­va­tizar o que resta de em­presas es­tra­té­gicas para sa­tis­fazer a gula dos ca­pi­ta­listas, os bancos apro­veitam o en­sejo e so­bre­car­regam os em­prés­timos com mais taxas e a mi­séria vai alas­trando pau­la­ti­na­mente por todo o País.

En­tre­tanto, en­quanto a compra de carros e ha­bi­ta­ções novas con­tinua a cair a pique nos seg­mentos nor­mais de mer­cado, os carros de luxo com custos de cen­tenas de mi­lhares de euros sobem em flecha, bem como dis­para a compra de ha­bi­ta­ções de luxo com va­lores acima do mi­lhão de euros, mos­trando cla­ra­mente que os muito ricos con­ti­nuam a au­mentar ver­ti­gi­no­sa­mente neste País.

Crise? Não, meus se­nhores, o que temos em mãos é uma es­can­da­losa, iníqua e in­to­le­rável sub­missão do País à vo­ra­ci­dade dos ca­pi­ta­listas.

Der­rotá-los é o único ca­minho e a luta o único meio.

 



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