Uma imensa Vitória!

Pedro Guerreiro

Numerosos povos optaram pela construção de novas sociedades socialistas

Bastaria verificar a forma como (não) foram comemorados os 65 da Vitória sobre o nazi-fascismo, para confirmar que o multifacetado aparelho ideológico do imperialismo tem oscilado entre o mais completo silenciamento e as mais indignas tentativas de falsificação da história relativamente às raízes, desenrolar e desfecho da Segunda Guerra Mundial.

A Segunda Guerra Mundial e a alteração de forças que dela resultou, com o reforço do campo do progresso social, da libertação nacional, da paz e do socialismo, significou não só a derrota dos propósitos e ambições do nazi-fascismo, mas igualmente um revés para os intentos do imperialismo.

 

No rescaldo da Segunda Guerra Mundial, numerosos povos optaram pela construção de novas sociedades socialistas, onde, finalmente, livres da exploração do homem pelo homem, os recursos, as capacidades e as potencialidades económicas de cada país dessem efectiva resposta às necessidades e aspirações daqueles; novas sociedades que ofereciam a paz, a amizade e a mais activa solidariedade a todos os povos do mundo. Os povos colonizados ergueram-se, libertando-se das grilhetas dos centenários impérios coloniais, tomando nas mãos a sua soberania e independência nacionais. E um amplo movimento operário, organizado e de classe, conquistou, reforçou e ampliou progressos sociais (como a negociação colectiva, o aumento dos salários, a redução do horário de trabalho, as férias, as férias pagas, o subsidio de férias e o subsidio de Natal, o emprego com direitos, a segurança social, o acesso à saúde e à educação, à reforma, entre outros exemplos) para milhões de trabalhadores, impondo recuos à exploração capitalista. Processos, avanços e conquistas progressistas e revolucionárias em que os comunistas tiveram um papel fundamental.

Este o legado que o imperialismo, sob a liderança dos EUA, pronta e activamente combateu, criando a NATO (para a qual convidaram Portugal fascista como membro fundador), impondo a corrida aos armamentos, promovendo a mais descarada e violenta ingerência, instaurando e apoiando ditaduras fascistas e desencadeando as mais ferozes guerras contra os povos.

65 anos depois, o que continua a assustar e a colocar em pânico os arautos do capitalismo é que o desfecho da Segunda Guerra Mundial e a correlação de forças dela resultante, não só possibilitou a libertação de milhões de homens e mulheres do horror nazi-fascista, mas igualmente do sistema explorador e opressor que o criou, isto é, do (próprio) capitalismo.

 

É por isso que o significado dos acontecimentos em torno da Segunda Guerra Mundial está igualmente no cerne da actual batalha ideológica, nomeadamente, porque esse heróico e determinante período histórico é a demonstração viva que o capitalismo é uma imposição, e não uma fatalidade, e que os trabalhadores e os povos não só têm a capacidade, mas igualmente a possibilidade e a necessidade, de lutarem e serem (de novo) protagonistas da sua libertação.

É por este justo ideal e legitima aspiração que, hoje, como há 65 anos, os comunistas continuam a lutar. Hoje, como no passado, é pela nossa firme e coerente entrega à luta pela liberdade, pela emancipação social e nacional, pela libertação do Homem da exploração e da opressão, que conseguiremos construir o caminho da vitória.

Por isso é tão importante dar combate às tentativas que procuram apagar da consciência dos trabalhadores e dos povos, fazendo esquecer ou utilizando a deturpação histórica, que o desfecho da Segunda Guerra Mundial constituiu uma Vitória. Sim, uma grandiosa Vitória na luta dos trabalhadores e dos povos! Uma admirável Vitória dos democratas e antifascistas! Uma imensa Vitória dos comunistas!



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