Um aniversário maior
As comemorações do 89.º aniversário do Partido continuaram este fim-de-semana com dezenas de iniciativas, das quais se destacam os três grandes comícios em que participou Jerónimo de Sousa – na Marinha Grande, em São João da Madeira e em Beja.
Quase duas mil pessoas compareceram no almoço de Beja, no domingo
Já se escreveu no Avante!, numa das suas últimas edições, que as comemorações do aniversário do Partido estão a ser, este ano, maiores. Se assim já era desde há um par de semanas, assim o passou a ser ainda mais com as iniciativas realizadas nos últimos dias. Exemplo mais marcante é o do grande almoço de domingo, no Parque de Feiras e Exposições de Beja, a seguir ao qual se realizou um comício com a participação do Secretário-geral do Partido. Realizado anualmente e envolvendo as quatro organizações regionais do Alentejo, as quase duas mil pessoas que ali compareceram fizeram deste o maior almoço do género na região. E seguramente no País. Se a esta participação massiva somarmos a alegria e a camaradagem, mas também a determinação e combatividade que ali estiveram bem presentes, fica-se com uma ideia mais aproximada da real dimensão política desta monumental iniciativa. Sabendo isto, não surpreenderá que se refira que entre os presentes estavam muitos jovens, muitos menos jovens, muitos homens e muitas mulheres... Miguel Madeira, do Comité Central e responsável pela Direcção da Organização Regional de Beja, manifestou a solidariedade dos comunistas com os trabalhadores da Somincor, em Castro Verde, que resistem às pressões da administração da empresa concessionária da mina e do representante do Governo no distrito e prosseguem a luta. O dirigente comunista lembrou ainda que se trata da mesma empresa que abandonou a mina de Aljustrel seis meses depois do início da exploração e que tem, em Neves Corvo, «lucros fabulosos». Saudadas foram também as «mais recentes lutas dos trabalhadores da Euroresinas, em Sines, e da Kemet, em Évora, da Administração Central e Local, dos enfermeiros e de todos quantos lutam pela melhoria das suas condições de vida, dos seus salários e pensões, por uma vida melhor». Miguel Madeira deixou ainda o compromisso dos comunistas alentejanos de levarem a bom porto as orientações definidas no âmbito da acção Avante! Por um PCP mais forte. Em nome da JCP, Bruno Madeira valorizou as lutas travadas pelos estudantes da região, tanto no Ensino Básico e Secundário como no Superior. São João da Madeira e Marinha Grande Na véspera, Jerónimo de Sousa esteve em São João da Madeira a participar num comício. Ainda antes da hora marcada já a sala e os corredores da colectividade estavam completamente cheios por algumas centenas de militantes e simpatizantes do Partido vindos de São João da Madeira e um pouco de todo o distrito de Aveiro. Na ocasião, Fátima Guimarães, do Executivo da Direcção da Organização Regional de Aveiro do PCP, referiu-se ao património de intervenção do PCP e dos seus militantes no concelho de São João da Madeira, cuja luta remonta aos anos 30 do século passado. Em seguida fez a ponte entre as históricas lutas dos trabalhadores sanjoanenses e consequente repressão fascista e as batalhas que actualmente se travam no concelho em defesa da produção, do emprego, dos salários e direitos sociais, contra a precariedade, e o forte compromisso que a organização local do Partido mantém com os trabalhadores e populações. Antes, Diogo D'Ávila, da JCP, tinha apontado as crescentes dificuldades que os sucessivos governos têm imposto à juventude, como o aumento das propinas, os baixos salários, a precariedade ou a redução de liberdades e garantias democráticas. Na sexta-feira à noite, foi o auditório José Vareda, na Marinha Grande, a encher-se para comemorar o aniversário do PCP, numa terra a quem o Partido tanto deve e que tantos e tão valiosos militantes e dirigentes lhe deu. Coube a Filipe Rodrigues, da Direcção da Organização Regional de Leiria e do Comité Central, abordar a situação social no distrito e a corajosa luta dos trabalhadores, que têm no PCP o seu mais fiel e sólido aliado. Jerónimo de Sousa Não deixamos cair o sonho Nos três comícios do fim-de-semana, as atenções estiveram voltadas para as tarefas imediatas do Partido e na luta contra a política de direita e seu novo instrumento, o Programa de Estabilidade e Crescimento (ver páginas 5 e 6). Mas nem por um segundo se perdeu a perspectiva mais geral da luta dos comunistas – a construção, em Portugal, de uma sociedade nova, liberta de todas as formas de exploração e opressão, o socialismo e o comunismo. Uma luta que tem uma história, um percurso e rostos. Foi também de tudo isto que falou Jerónimo de Sousa nas suas intervenções. Os participantes reagiram com entusiasmo, orgulhosos da história do seu Partido e de serem, hoje, os seus continuadores. Após assinalar o «ambiente de alegria e confiança» com que se está a assinalar os 89 anos do Partido Comunista Português, o Secretário-geral do PCP realçou estar-se a celebrar um Partido «nascido e caldeado na luta heróica e generosa de gerações de comunistas, com uma história ímpar na defesa coerente e incessante dos trabalhadores e do nosso povo». São 89 anos de um Partido que «se orgulha do seu passado de luta e resistência antifascista, da sua inigualável contribuição para a conquista da liberdade e a fundação e construção do regime democrático nascido da Revolução de Abril e no exaltante processo revolucionário que liquidou o poder dos monopólios e dos latifundiários», prosseguiu Jerónimo de Sousa. O PCP, adiantou, foi o «único grande Partido que fez frente à ofensiva contra as extraordinárias conquistas da revolução, das nacionalizações à reforma agrária, e na sua defesa palmo a palmo contra as políticas de recuperação capitalista iniciadas pelo PS e tem estado na primeira linha de resistência contra a política de direita». Estes são, ainda, os 89 anos de vida de um Partido que «nunca se submeteu, nem nas mais duras condições de clandestinidade, nem se submeterá aos desejos dos que aspiram tornar eterna a exploração». Continuando, o Secretário-geral do Partido reafirmou que este «jamais recuará na luta pela concretização do projecto que desde sempre abraçou de transformação da sociedade, porque nunca nos farão anuir à ideia de que o capitalismo é o fim da história». O PCP, continuou, é e quer continuar a ser comunista, marxista-leninista, porque «não deixa cair o sonho, o projecto transformador e emancipador, a acção revolucionária». «Se todos os anos celebramos o aniversário do Partido é porque nos orgulhamos dessa nossa exaltante história, dessa exaltante trajectória de amor à liberdade, coragem, desprendimento revolucionário e dedicação sem limites à causa libertadora da classe operária, a causa do socialismo e do comunismo.»