Reunião nacional sobre Imigração

Unidade de classe

A presença do Partido junto dos imigrantes é um «imperativo de classe», visto constituírem já 10 por cento dos trabalhadores por conta de outrem, concluiu-se na reunião de quadros sobre imigração, realizada no sábado.

O combate à imigração ilegal faz-se viabilizando a imigração legal

Com esta reunião, pretendeu-se debater a intervenção do Partido junto dos trabalhadores imigrantes, que são já mais de meio milhão, maioritariamente operários e empregados. No salão do Centro de Trabalho Vitória, em Lisboa, estavam cerca de 60 pessoas, muitas delas imigrantes, e outras quadros do Partido aos vários níveis que, de uma forma ou de outra, se relacionam com esta importante frente de trabalho partidário. Como afirmou, a abrir os trabalhos, Rosa Rabiais, do Comité Central, as organizações do Partido têm-se deparado com «algumas dificuldades» em chegar a estes trabalhadores. Em parte, devido a razões objectivas, como as «especificidades» das comunidades imigrantes ou o exigente quadro político dos últimos anos. Mas, para esta dirigente, existe também «alguma subestimação quanto às potencialidades do reforço orgânico e político junto dos imigrantes». Certo é que o Partido tem que estar junto destes trabalhadores, «elevar a sua consciência social e política, contribuir para a sua organização e mobilização para a luta em defesa dos seus direitos e legítimas aspirações». E, claro, «trazer os que se destacam para as fileiras do Partido». A forma mais segura para superar as dificuldades existentes, continuou Rosa Rabiais, é tomar «medidas concretas de direcção e quadros, com a identificação das linhas prioritárias e das estruturas adequadas à dinamização da acção junto dos imigrantes». Na definição da política do Partido para a imigração deverão estar inseridos não só os imigrantes como dirigentes sindicais, eleitos e técnicos do poder local ou professores. No recente ciclo eleitoral, a presença nas listas de imigrantes permitiu o contacto frutuoso com milhares de imigrantes e seus descendentes, nomeadamente em bairros sociais. Trata-se, para Rosa Rabiais, de uma experiência a repetir fora dos períodos eleitorais. Rosa Rabiais chamou ainda a atenção para o recente agravamento das condições de vida e de trabalho dos imigrantes. A actual crise fez disparar o desemprego entre os imigrantes, nomeadamente nos sectores da construção civil e obras públicas, hotelaria e turismo, limpeza, entre outros. Superar insuficiências A encerrar, Jerónimo de Sousa valorizou o encontro, os seus objectivos e as intervenções realizadas. Segundo o Secretário-geral do PCP, «vieram aqui muitos aspectos da positiva e importante intervenção e acção do nosso Partido em defesa dos direitos dos imigrantes, da sua luta na qual participamos com iniciativa própria pela valorização e dignificação do seu trabalho, das suas vidas e culturas». Mas também, lembrou, as «nossas insuficiências para responder com mais eficácia às aspirações e necessidades dessas comunidades e à luta que travam». A realidade do País, afirmou o dirigente comunista, «exige o contributo de todos, a luta comum de todo o mundo do trabalho, unido na mesma fraternidade de classe contra a exploração». Uma luta que «é preciso ampliar, porque só a luta pode impor a viragem e a mudança necessárias à implementação de uma outra política alternativa e de esquerda que dê prioridade como se impõe à criação de postos de trabalho». Perante dezenas de imigrantes, Jerónimo de Sousa reafirmou que o PCP não abdicará de «denunciar e responder a todos aqueles que face à actual crise do sistema capitalista e à agudização da nossa própria crise fazem do trabalho imigrante um “bode expiatório” para alimentar a divisão dos explorados na base do medo, do fomento do egoísmo, da ameaça». O que os imigrantes têm sido é, pelo contrário, as «principais vítimas» de várias formas de racismo, que alguns «fazem renascer explorando a crescente precarização do mundo laboral e da vida e o brutal aumento do desemprego». Para o PCP, realçou, o combate à imigração ilegal faz-se viabilizando a imigração legal e acolhendo dignamente os trabalhadores estrangeiros. Em breve, o grupo parlamentar do PCP apresentará uma proposta com novas medidas em relação aos indocumentados, com o objectivo de superar as insuficiências das actuais leis da Imigração.


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