Invasão «humanitária»
A dimensão da tragédia no Haiti tem a marca de classe. O grau de destruição e o número de mortos na cidade de Port-au-Prince resulta directamente da enorme concentração populacional na cidade, resultado directo do êxodo em massa de trabalhadores rurais Haitianos vítimas da destruição do sector agrícola deste país por via das receitas do FMI e Banco Mundial. Os sucessivos golpes militares no Haiti, patrocinados pelos EUA e outras potências, resultaram no empobrecimento generalizado da população, numa monstruosa dívida externa, na supressão de medidas básicas e primitivas de apoio social - como a distribuição de alimentos ou a construção de habitações básicas tentada pelo presidente Aristides – e na destruição das infra-estruturas e da própria estrutura do Estado. Tudo isto está na origem da dimensão da tragédia e da incapacidade do Estado haitiano de acudir ao seu povo.
As reacções internacionais à catástrofe também têm a marca de classe. A resposta do imperialismo à necessária ajuda está a traduzir-se numa gigantesca operação de propaganda e numa autêntica invasão militar «humanitária», transformando o Haiti num dos países mais militarizados do Mundo. Apelida-se hipocritamente de «ajuda» a ocupação militar pelos EUA com 16 000 soldados, o envio pela União Europeia de 300 militares «disfarçados» de polícias e o destacamento de mais 3500 «capacetes azuis» para reforçar o contingente de 9000 da MINUSTAH, escondendo-se ao mesmo tempo o escândalo dos aviões de ajuda humanitária mandados regressar ou os bens retidos no aeroporto de Port-au-Prince.
Simultaneamente oculta-se na comunicação social a real ajuda. Oculta-se que Cuba tem mais de 400 médicos a trabalhar desde o primeiro dia salvando vidas, prevenindo epidemias, montando infra-estruturas médicas e distribuindo bens de primeira necessidade; que a Venezuela acaba de perdoar a dívida ao Haiti, de anunciar o fornecimento directo de combustível à sua população e que os países da ALBA (a maioria parcos de recursos) acabam de decidir um apoio de 120 milhões de dólares.
O Haiti pode hoje contar com real solidariedade de alguns dos seus vizinhos, fruto dos processos progressistas em curso no sub-continente. E são esses mesmos processos que são o real alvo do novo capítulo da contra-ofensiva militar imperialista na América Latina. Um capítulo tão mais criminoso quanto – qual abutre – se alimenta às custas da morte e do sofrimento de um povo.
As reacções internacionais à catástrofe também têm a marca de classe. A resposta do imperialismo à necessária ajuda está a traduzir-se numa gigantesca operação de propaganda e numa autêntica invasão militar «humanitária», transformando o Haiti num dos países mais militarizados do Mundo. Apelida-se hipocritamente de «ajuda» a ocupação militar pelos EUA com 16 000 soldados, o envio pela União Europeia de 300 militares «disfarçados» de polícias e o destacamento de mais 3500 «capacetes azuis» para reforçar o contingente de 9000 da MINUSTAH, escondendo-se ao mesmo tempo o escândalo dos aviões de ajuda humanitária mandados regressar ou os bens retidos no aeroporto de Port-au-Prince.
Simultaneamente oculta-se na comunicação social a real ajuda. Oculta-se que Cuba tem mais de 400 médicos a trabalhar desde o primeiro dia salvando vidas, prevenindo epidemias, montando infra-estruturas médicas e distribuindo bens de primeira necessidade; que a Venezuela acaba de perdoar a dívida ao Haiti, de anunciar o fornecimento directo de combustível à sua população e que os países da ALBA (a maioria parcos de recursos) acabam de decidir um apoio de 120 milhões de dólares.
O Haiti pode hoje contar com real solidariedade de alguns dos seus vizinhos, fruto dos processos progressistas em curso no sub-continente. E são esses mesmos processos que são o real alvo do novo capítulo da contra-ofensiva militar imperialista na América Latina. Um capítulo tão mais criminoso quanto – qual abutre – se alimenta às custas da morte e do sofrimento de um povo.