Um Nobel inquietante
Tão insólita decisão encaixa como uma luva na «operação Obama»
A atribuição do Prémio Nobel da Paz ao Presidente dos EUA, superpotência imperialista que se arroga o papel de polícia do mundo e está empenhado numa escalada militarista de grandes proporções, não é apenas «surpreendente», é perigosa e inquietante.
É tão flagrante a ausência de credenciais que minimamente qualifiquem Barack Obama para o prémio que mesmo os mais inclinados à «obamania» consideram tratar-se de uma decisão «precipitada» ou «prematura». Outros, aliás de diferentes quadrantes políticos, querem ver naquela decisão uma crítica à política externa «unilateralista» de anteriores presidentes norte-americanos (a começar por Georges Bush) e/ou um incentivo à solução dos conflitos pela via do diálogo e da negociação política e não da força militar. Outros ainda falam de um «presente envenenado» visando condicionar a acção (que querem arbitrária) dos EUA. Nós, sem considerar irrelevantes as reais motivações do Comité Nobel atemo-nos simplesmente aos factos e o que os factos nos dizem é que tão insólita decisão encaixa como uma luva na «operação Obama» – aliás em acelerado processo de esgotamento em resultado da profundidade da crise capitalista e da continuada resistência dos povos ao dictat norte-americano – visando branquear a suja face dos EUA e abrir espaço à sua acção no plano internacional. A reacção de Sarkozy, paladino da militarização da França e da União Europeia em aliança estreita com os EUA, é elucidativa: «este prémio consagra o regresso da América ao coração dos povos».
É certo que há muito o Prémio Nobel da Paz vinha perdendo a credibilidade que granjeara, apesar de todas as suas deliberadas omissões (quantas !.. de Gandhi a Ho Chi-Minh, passando por Joliot-Curie e outros gigantes da luta pela Paz), ambiguidades e instrumentalizações. A sua atribuição (rara) a figuras como Martin Luther King, Arafat, Mandela ou Le Duc Tho, ainda que nos três últimos casos lamentavelmente na forçada companhia dos algozes que combateram (Shimon Peres e Yitzak Rabin, De Klerk e Kisinger) trouxe-lhe prestígio e importância política. O futuro dirá se a sua atribuição ao presidente do país que é o principal fautor de guerra e de espezinhamento dos direitos humanos mais elementares, não representará o dobre de finados de uma instituição que deveria contribuir para a afirmação dos valores da paz, da solidariedade e da amizade entre os povos.
É significativo que o anúncio do prémio tenha coincidido com mais uma reunião na Casa Branca do Conselho de Guerra tendo sobre a mesa o desastre no Afeganistão, a reclamação do general Christal de rápido envio de pelo menos mais 40 000 militares para o teatro de operações, a estratégia a seguir para enfrentar uma situação que poderá já caracterizar-se como de «insurreição» e tentar ganhar uma guerra que muitos consideram irremediavelmente perdida. O risco da atribuição do Prémio Nobel a Obama acabar por dar cobertura, não a uma política de paz mas a uma escalada de guerra é evidente. Aliás como já sublinhou a nota do Gabinete de Imprensa do PCP, é muito vasta a frente em que o imperialismo norte-americano desenvolve a sua violenta ofensiva, o que torna a decisão do Comité Nobel nada consentânea com a ideia de paz. Para que não restem dúvidas sobre a importância do que está em jogo aí temos o laureado em pose de «presidente global» interpretando o prémio como «uma afirmação da liderança da América» e «um apelo à acção».
Não, o compromisso de Barack Obama não é com a paz, é com o grande capital norte-americano e a sua política de rapina, é com o imperialismo norte-americano e a sua acção visando impor a supremacia dos EUA no plano mundial. Um compromisso perigoso que nenhum galardão pode escamotear
É tão flagrante a ausência de credenciais que minimamente qualifiquem Barack Obama para o prémio que mesmo os mais inclinados à «obamania» consideram tratar-se de uma decisão «precipitada» ou «prematura». Outros, aliás de diferentes quadrantes políticos, querem ver naquela decisão uma crítica à política externa «unilateralista» de anteriores presidentes norte-americanos (a começar por Georges Bush) e/ou um incentivo à solução dos conflitos pela via do diálogo e da negociação política e não da força militar. Outros ainda falam de um «presente envenenado» visando condicionar a acção (que querem arbitrária) dos EUA. Nós, sem considerar irrelevantes as reais motivações do Comité Nobel atemo-nos simplesmente aos factos e o que os factos nos dizem é que tão insólita decisão encaixa como uma luva na «operação Obama» – aliás em acelerado processo de esgotamento em resultado da profundidade da crise capitalista e da continuada resistência dos povos ao dictat norte-americano – visando branquear a suja face dos EUA e abrir espaço à sua acção no plano internacional. A reacção de Sarkozy, paladino da militarização da França e da União Europeia em aliança estreita com os EUA, é elucidativa: «este prémio consagra o regresso da América ao coração dos povos».
É certo que há muito o Prémio Nobel da Paz vinha perdendo a credibilidade que granjeara, apesar de todas as suas deliberadas omissões (quantas !.. de Gandhi a Ho Chi-Minh, passando por Joliot-Curie e outros gigantes da luta pela Paz), ambiguidades e instrumentalizações. A sua atribuição (rara) a figuras como Martin Luther King, Arafat, Mandela ou Le Duc Tho, ainda que nos três últimos casos lamentavelmente na forçada companhia dos algozes que combateram (Shimon Peres e Yitzak Rabin, De Klerk e Kisinger) trouxe-lhe prestígio e importância política. O futuro dirá se a sua atribuição ao presidente do país que é o principal fautor de guerra e de espezinhamento dos direitos humanos mais elementares, não representará o dobre de finados de uma instituição que deveria contribuir para a afirmação dos valores da paz, da solidariedade e da amizade entre os povos.
É significativo que o anúncio do prémio tenha coincidido com mais uma reunião na Casa Branca do Conselho de Guerra tendo sobre a mesa o desastre no Afeganistão, a reclamação do general Christal de rápido envio de pelo menos mais 40 000 militares para o teatro de operações, a estratégia a seguir para enfrentar uma situação que poderá já caracterizar-se como de «insurreição» e tentar ganhar uma guerra que muitos consideram irremediavelmente perdida. O risco da atribuição do Prémio Nobel a Obama acabar por dar cobertura, não a uma política de paz mas a uma escalada de guerra é evidente. Aliás como já sublinhou a nota do Gabinete de Imprensa do PCP, é muito vasta a frente em que o imperialismo norte-americano desenvolve a sua violenta ofensiva, o que torna a decisão do Comité Nobel nada consentânea com a ideia de paz. Para que não restem dúvidas sobre a importância do que está em jogo aí temos o laureado em pose de «presidente global» interpretando o prémio como «uma afirmação da liderança da América» e «um apelo à acção».
Não, o compromisso de Barack Obama não é com a paz, é com o grande capital norte-americano e a sua política de rapina, é com o imperialismo norte-americano e a sua acção visando impor a supremacia dos EUA no plano mundial. Um compromisso perigoso que nenhum galardão pode escamotear